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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Sede de jogos memoráveis, Vila exige prevenção para não ser palco de tragédia

Neste domingo (26), estádio vai receber o clássico entre Santos e Corinthians

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A Vila Belmiro é a mais famosa de todas as vilas. E é a Vila Belmiro a mais famosa de todas as vilas porque foi na Vila Belmiro que jogou o Rei Pelé.

Nela, neste domingo (26), vão jogar, pela 114ª vez, Santos e Corinthians, em jogo importante para os anfitriões, nem tanto para os visitantes, e de alto risco.

Será, também, o primeiro clássico entre os alvinegros sem o Rei Pelé por perto.

Ele jogou 47 vezes contra o Corinthians, sua maior vítima, e marcou 49 gols, não só lá, o que nem é muito diante de tudo que o Rei aprontou na Vila.

Ir à Vila na década de 1960 era como ir ao teatro para ver o melhor ator de todos os tempos fazer história, encantar. Fosse quem fosse que contracenasse com Ele.

Romantismos à parte, a Vila Belmiro nunca teve segurança.

Estádio Vila Belmiro, em Santos - Carlos Fabal - 27.dez.22/AFP

Basta dizer que parte dela despencou em 1964, exatamente em tarde de domingo entre Santos e Corinthians, quando a arquibancada de madeira veio abaixo no sexto minuto do jogo e deixou feridas 181 pessoas.

Nada menos que 32.986 torcedores superlotaram o estádio!

A capacidade atual prevê a metade e foram esgotados os 11 mil ingressos para este domingo, com mais quatro mil disponibilizados para os donos de cadeiras cativas.

Mesmo assim, e por isso, o risco é alto.

Basta lembrar de julho passado. quando, pela Copa do Brasil, o Corinthians eliminou o Santos e houve invasão de gramado, com agressões a Cássio, além de bombas e sinalizadores atiradas contra o goleiro.

Inaugurado em 1916, o estádio que leva o nome de Urbano Caldeira, saudoso zagueiro, treinador e vice-presidente do Santos, é mesmo um caldeirão tido como incompatível para era dos estádios seguros como têm os demais grandes de São Paulo.

Em tese, a relação entre tamanho do estádio e segurança não deveria existir, houvesse competência e obediência à legislação para a realização dos jogos, com as devidas medidas de prevenção.

Pequenos palcos pela Europa afora são prova disso.

Os cuidados com a capacidade das arquibancadas não foram acompanhados pela fiscalização no Brasil —e o que poderia ser pacífica nostalgia de velhos tempos está sempre ameaçada pela tragédia.

Dentro de campo, a situação santista beira o desespero pela iminência da desclassificação para a fase final do Paulistinha, e a corintiana se resume ao desafio de jogar bem fora de casa, o que ainda é ansiosamente aguardado pela Fiel que só verá o embate pela TV.

Ainda bem, parece mentira dizer isto, que é jogo de torcida única, porque diante da invencível incapacidade de se controlar a violência da minoria de torcedores, clássicos com duas torcidas, na Vila mais famosa do mundo, seria convite para barbárie.

Note a bizarrice, por exemplo, da nota da Torcida Jovem do Santos, contra a violência, publicada recentemente: "A Diretoria da Torcida Jovem do Santos vem informar a todos os associados que a partir de hoje está proibido qualquer ato de violência contra qualquer torcida organizada no Estado de São Paulo. O associado que não cumprir com a determinação será responsabilizado dentro e fora do estatuto".

Em São Paulo não pode. E fora? E o que é punir "fora do estatuto"?

A polícia desconfia que a motivação da iniciativa nada tenha de exemplar, mas apenas atenda à exigência do PCC, cujos negócios são prejudicados quando os torcedores se agridem.

A Vila não merece.

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