Escândalos explodem pelo mundo afora em torno das casas de apostas esportivas. Sim, esportivas, não apenas no futebol.
Já houve casos descobertos no tênis e sabe-se lá quantos encobertos em outros esportes de menor visibilidade.
Faz parte do gênero humano a busca pelo dinheiro fácil, e corruptores e corruptos estão aí diariamente para comprovar.
Regulamentar a entrada e a saída do ervanário movimentado pelas dezenas de "bets" que infestaram o ambiente nacional é de obviedade tamanha que custa crer que ainda não tenha sido feito, porque, ao menos, é meio de conter parte da lavanderia de dinheiro e reverter em impostos para as carências brasileiras.
Apenas não resolve o essencial: a lisura, ou a imagem de decência, das competições.
No caso investigado na Série B do Campeonato Brasileiro, fica claro como é impossível evitar a manipulação de resultados e o andamento dos jogos.
Um apostador investiu na ocorrência de três pênaltis em três jogos diferentes, todos nos primeiros tempos, e comprou três zagueiros para cometê-los.
Dois cumpriram depois de terem recebido 10 mil reais de adiantamento, mas ficaram sem os restantes prometidos 140 mil porque o terceiro escolhido para a canalhice não foi escalado pelo treinador, e, embora ele tenha tentado convencer um companheiro a cometer a penalidade, o plano falhou.
Desse certo, descontados os 450 mil pagos aos três meliantes, sobrariam dois milhões de reais para o corruptor.
"Ufa, ainda bem que não deu certo!", suspiram a rara leitora e o raro leitor, mas não é bem assim.
Houve de todo modo dois jogos com pênaltis manipulados a favor de dois times e em prejuízo de outros dois. Ou seja, do ponto de vista esportivo a desgraça se consumou. E a polícia só entrou na trama porque o presidente do clube cujo jogador falhou soube de tudo graças às cobranças feitas pelos corruptores. Ou seja, essas coisas só vêm à luz quando não dão certo.
Nos primórdios, tempos folclóricos do futebol, jogadores e árbitros eram comprados por cartolas ou torcedores fanáticos pela alegria da vitória, de ser campeão ou não ser rebaixado. Estava igualmente errado, dirá o conselheiro Acácio, mas era o coração que falava mais alto, não o bolso.
Em tempos de comunicação global e digital pouco há a fazer para evitar o mercado paralelo criado pelo mundo das apostas, e teremos de conviver com mais essa mazela a nos deixar de orelhas em pé sempre que houver um erro grotesco, uma zebra colossal, no gramado ou nas quadras, piscinas, ringues e pistas.
Estamos diante de um beco sem saída, de um guichê que conduz inevitavelmente à corruptópolis.
Os contatos ainda são olho no olho, principalmente quando feitos por aprendizes na arte do propinoduto. Os profissionais já estão anos à frente, algoritmos como aliados para fazer cálculos e projeções.
Bem-vindos à pirataria digital.
O Capitão Gancho morreu. Viva o Tio Patinhas Rastreador.
Ecos do Dérbi
"A prova de que o Corinthians foi melhor e mereceu ganhar está em que o Weverton trabalhou muito mais que o Cássio", disse um fiel enfurecido com o que considerou injustiça em Itaquera, no 2 a 2 do Dérbi antes aquático que gramático e muito bom.
Eis uma das falácias muitas vezes repetidas no futebol, pois o goleiro é pago para defender.
Rony jogou mais que Yuri Alberto. Por que o raciocínio não vale para o centroavante?
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