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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

O resgate do orgulho santista

Com ou sem o título, o belo resultado na Vila Belmiro devolve o Santos à torcida

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O Santos pisou na Vila Belmiro como azarão.

Se não como zebra, porque clássico é clássico e vice-versa e porque o Santos é o Santos. Favorito, mesmo no Alçapão, era o Palmeiras.

Deu no que deu.

Coração na ponta da chuteira diante de sua torcida, o time praiano mostrou que a Série B é acidente de percurso e de curta duração.

Se virá a ser campeão na casa verde, são outros 500, o mais provável é que nem seja.

O Santos, do zagueiro Gil, está na frente na decisão - Abner Dourado/Agif

A simples tensão imposta nos próximos dias ao rival é o suficiente para disputar a partida de volta de cabeça erguida.

A gente que andava de lado olhando pro chão voltou a estar altiva, depois de lotar Morumbi e Itaquera e quebrar a invencibilidade do Palmeiras.

O Trio de Ferro que respeite o clube brasileiro mais conhecido do mundo.

E se o Rei Pelé foi poupado da tristeza de 2023, hoje estaria orgulhoso pelo que as camisas brancas fizeram e pelo gol de Otero.

Aliás, bem que a Torcida Jovem poderia botar a faixa de cabeça para cima.

Sob suspeita

Em 2013, na véspera de enfrentar o Real Madrid pelas semifinais da Champions, o Borussia Dortmund revelou que Mario Götze, com apenas 20 anos, seria transferido ao fim da temporada para o rival Bayern Munique.

Os dois times alemães se classificaram para a final, e o jovem ficou fora, por alegada lesão muscular sofrida contra os espanhóis.

Se estava realmente machucado, não se sabe —e, se estivesse, a providência tratou de exercer o bom senso.

Corte para 2024, e constate que no Rio e em São Paulo vivemos a mesma situação na fase final dos estaduais.

O Palmeiras acertou com Rômulo, antes de enfrentar o Novorizontino, e o Flamengo, com Carlinhos, na véspera de jogar com o Nova Iguaçu.

Rômulo entrou em campo na casa verde, e Carlinhos, no Maracanã. Ambos tiveram atuações discretas, para ser gentil com os dois.

Exigir mais seria até desumano.

Por mais que quisessem, estavam enfrentando seus futuros companheiros e, caso brilhassem, marcassem gols, vencessem, despertariam a má vontade dos torcedores alviverdes e rubro-negros.

Melhor teria sido fazer as negociações depois dos jogos, mas tanto o Palmeiras quanto o Flamengo podem alegar que corriam o risco de perdê-los e que foram transparentes ao tornar públicas as contratações.

Daí que a melhor atitude de Novorizontino e de Nova Iguaçu teria sido não escalá-los, como fez o Borussia.

Em 1977, depois que o atacante Rui Rei, da Ponte Preta, teve um ataque de nervos e acabou, ainda no primeiro tempo, expulso do jogo decisivo do Campeonato Paulista contra o Corinthians, o que acabou com o jejum de quase 23 anos, ele foi contratado pelo campeão.

Se houve quem o acusasse de ter se vendido na própria noite da decisão, muitos já não tiveram mais dúvida da tramoia quando a transação foi anunciada.

Vicente Matheus, o presidente corintiano, indignado, respondia que jamais contrataria alguém que se vendesse ao adversário, o que faz sentido, mas não impede a sobrevivência da suspeita até hoje, quase meio século depois.

É a velha história da mulher de César, aquela a quem não basta ser honesta, precisa parecer honesta.

Infelizmente, honestidade e futebol vivem divorciados não é de hoje, e a reconciliação parece improvável.

Evitar suspeições deveria ser obrigação de todos, mas não é assim que a coisa funciona.

Que o Palmeiras não contrate Pituca antes do domingo…

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