Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Seleção Brasileira

E se houver racismo em Madri?

A seleção brasileira sairá de campo se Vini Jr. for ofendido contra a Espanha?

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Nesta terça-feira (26), às 17h30, no Santiago Bernabéu, em Madri, a seleção brasileira enfrentará a da Espanha.

É improvável que na casa de Vinicius Júnior haja ofensas raciais contra ele, embora sempre seja possível que torcedores do Atlético façam aquilo que recentemente fizeram em seu novo estádio, distante apenas sete quilômetros do moderno campo do Real Madrid.

O jogo está planejado como ato contra a violência e o racismo no futebol. E se houver ofensas aos jogadores negros brasileiros?

Os dois jovens correm sorrindo e gritando em direção à câmera
Vinicius Jr comemora o gol de Endrick (à dir.) na partida amistosa entre Brasil e Inglaterra, em Wembley - Ben Stansall - 23.mar.24/AFP

"Precisamos estar preparados para tomar medidas drásticas caso isso aconteça novamente", declarou Dorival Júnior, ainda em Londres, antes da importante vitória sobre a Inglaterra.

Só há uma medida drástica a tomar: abandonar o gramado. Torçamos para não ser necessário, mas esperemos que assim seja feito caso aconteça.

Quanto ao jogo propriamente dito, o que esperar?

A Espanha teve sua série de nove jogos sem derrotas interrompida, também em Londres, pela Colômbia, que completou 20 partidas sem derrotas.

Jogou sem o que tem de melhor, ao poupar, por exemplo, o meio-campista Rodri, do Manchester City, o melhor jogador espanhol na atualidade.

Se a Inglaterra está em terceiro lugar no ranking da Fifa, a Espanha está em oitavo, três posições atrás da brasileira.

Noves fora a importância do ranking, o jogo assumiu importância maior para os anfitriões —e pode servir para marcar o reestabelecimento do amor-próprio do time canarinho depois de se sair tão bem de azul em Wembley.

Ninguém, a começar do novo treinador da seleção, subiu no salto, exaltou em demasia ou exultou, com exceção compreensível de sir Endrick, por causa da vitória.

O reconhecimento de falhas ficou patente, sem minimizar a justiça do resultado e a alegria pela surpreendente atuação de Lucas Paquetá & Cia.

Para quem andava querendo mudar para a Inglaterra a fim de ver futebol de qualidade, é sim indisfarçável a satisfação por ver os britânicos se curvarem diante do desfalcado onze nacional.

Espanha e Brasil já se enfrentaram nove vezes, com cinco vitórias brasileiras, três em Copas do Mundo (1950/62/86), duas espanholas, uma em Copa (1934), e dois empates (um em Copa, 1978).

Das cinco vitórias, uma fez mais mal que bem à seleção, quando, no Maracanã, o 3 a 0, na final da Copa das Confederações de 2013, contra os então campeões mundiais, causou euforia proporcional ao desgosto vivido um ano depois.

Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), o eterno cardeal de São Paulo, ensinava que não há derrotas definitivas para o povo.

Sabemos todos que a vitória de hoje é esquecida na derrota de amanhã.

Eventual triunfo espanhol significará decepção parecida com a alegria vivida em Wembley, mas nem por isso deverá obscurecer o fato de que temos um esboço de time, algo que não se via na brincadeira de péssimo gosto do ramonismo e na aposta do dinizismo.

A primeira porque possível só mesmo na cabeça vazia de futebol do presidente da CBF; a segunda porque é inviável fazer a revolução pretendida sem viver durante meses diariamente com os jogadores, a menos que o técnico se chame Rinus Michels e tenha alguém como Johan Cruyff no papel de cérebro do time, algo visto na seleção holandesa durante a Copa do Mundo de 1974.

Acabou campeã? Não. E precisava?

Há derrotas que viram saudade, como em 1982.

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