Quando o campeonato estadual de São Paulo valia incomparavelmente mais do que vale hoje, era chamado simplesmente de Campeonato Paulista. Assim, pelo nome.
Eram tempos nos quais havia quem preferisse disputá-lo em vez do Campeonato Brasileiro, como em 1979.
Então, dos grandes paulistas, só o Palmeiras o disputou, eliminado pelo campeão invicto Inter, nas semifinais.
Como a Arena, o partido da ditadura, ia mal, nada menos de 94 times participaram do Nacional, motivo do justo boicote.
Foi a bobagem do aumentativo, que revelou a necessidade de alçá-lo ao que já não era, a responsável pelo uso do diminutivo, como resposta.
Caso a decisão fosse entre Bragantino e Novorizontino, o carimbo ficaria ainda mais atual.
Como será entre Palmeiras e Santos, é justo voltar a chamar o torneio, no fim, de Campeonato Paulista.
Neste domingo (31), véspera dos 60 anos do golpe que mergulhou o país nas trevas por 21, começará a ser decidido na Vila Belmiro, porque Corinthians e São Paulo, medíocres e covardes, negaram ao Santos os estádios de Itaquera e do Morumbi.
Agora, sim, tem graça.
Repetem-se as finais de 1959 e de 2015, as primeiras vencidas pelos alviverdes, as segundas pelos praianos, noves fora as decisões da Copa do Brasil, em 2015, e da Libertadores, em 2020, ambas vencidas pelo Palmeiras.
Das quatro, a melhor aconteceu no século passado, em janeiro de 1960, porque de um lado havia Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Américo Murolo, Romeiro e Nardo, sob o comando do técnico Osvaldo Brandão; e, do outro, Laércio; Urubatão, Getúlio e Dalmo; Formiga e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe, sob as ordens de Lula, à época, o Lula mais famoso do Brasil.
Foram dois jogaços, que terminaram empatados 1 a 1 e 2 a 2, e o terceiro, todos no Pacaembu, com vitória verde por 2 a 1.
Tempos que não voltam mais e nem por isso desmerecem os atuais.
O Santos, em busca do 23º título, vive momentos de reconstrução, passou bem pelo Bragantino e tem no banco o tricampeão paulista (2017/18/19) Fábio Carille, disposto a evitar o segundo tri palmeirense —o primeiro no profissionalismo, a 26ª taça estadual na história.
É óbvio que para o Santos será mais importante voltar à Série A brasileira que ganhar novo título estadual, embora a conquista adquira caráter de ressurreição.
Para o Palmeiras, que coleciona taças como se fossem figurinhas, mais uma fará bem diante do rival que, se não é nem o primeiro nem o segundo mais renhido, é o que, na década de 1960, só não foi 12 vezes campeão seguido porque o Verdão o impediu em 1959, 1963 e 1966.
Ou seja, o que não falta é história para o clássico que o Novorizontino esteve perto de melar, ao ser melhor que o Palmeiras, na casa verde, durante o primeiro tempo inteiro da semifinal, para só sucumbir na etapa final, porque, afinal, o Palmeiras, além do mais, tem Endrick, autor do gol solitário da vitória.
Em 1959, o Rei Pelé tinha 19 anos, dois a mais do que Endrick tem hoje. E não conseguiu ser bicampeão paulista.
O jovem palmeirense, que frustrou Londres, Madri e Novo Horizonte, parece talhado para ser tri.
Se será ou não, saberemos a partir deste domingo.
Mas, que ficou divertido, ficou.
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