As mídias sociais que orientam profissionais de marketing e da política também estão sendo usadas para análise de condições especiais de trabalho.

A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional publicou em setembro deste ano um estudo com base em relatos online que relacionam a qualidade de vida de trabalhadores brasileiros embarcados em grandes e modernos navios de turismo especializados em cruzeiros marítimos.

Nancy Oliveira Monteiro, Gustavo Cardoso Peterlevitz e Rodolfo Eduardo Scachetti, do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar da Unifesp, analisaram o conteúdo de 23 blogs de adultos jovens em atividade nessas embarcações. 

Estudos sobre a qualidade de vida do trabalhador embarcado são raros na literatura brasileira, provavelmente pelas limitações de um acesso direto a essa classe enquanto exercem suas atividades no mar, dizem os autores.

Nos blogs analisados, 15 responsáveis (65%) eram do sexo feminino e 8 (35%), do sexo masculino.

Constaram dos temas mais citados queixas e benefícios. Em relação às queixas, há as relacionadas ao desconforto e falta de privacidade na cabine e à baixa qualidade da alimentação para os trabalhadores.

Nos problemas de saúde constam relatos de dor física, exaustão, perda de peso e distúrbios do sono. 

Também há relatos de dificuldades na organização do trabalho, hierarquia nos postos de trabalho baseada na nacionalidade do trabalhador, desvio de função, carga horária excessiva, instabilidade e imprevisibilidade para receber o salário e situações de abuso de poder. 

Sob o ponto de vista psicológico negativo, há relatos de ansiedade, estresse, medo de acidentes, solidão, saudade da família e de amigos. 

Quanto aos benefícios nesta área especial de trabalho, eles citam a qualidade de alguns navios, os salários, a oportunidade de viagens e a socialização com os demais trabalhadores.