Siga a folha

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Descrição de chapéu Maratona

'The Vow' mostra ascensão de seita disfarçada de curso de autoajuda

História de exploração sexual e trabalho escravo ganhou atenção com prisão de atriz de Smalville

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Durante 12 anos, o cineasta Mark Vicente dedicou sua vida a um grupo cuja promessa era treinar indivíduos a terem pleno domínio de suas emoções. Nesse período, ele documentou sua rotina em vídeos e gravações que ajudam a montar um retrato aterrador envolvendo sexo, assédio moral, manipulação, trabalho servil e mulheres marcadas à ferro e fogo como gado.

Tal retrato, costurado pelos documentaristas Karim Amer e Jehane Noujaim, (indicados ao Oscar em 2014 por “The Square”, sobre a Primavera Árabe), virou a série documental “The Vow”, que a HBO estreou no fim de agosto, sobre a bizarra organização americana NXVIM.

A obsessão de Vicente por registrar suas conversas, bem como o apetite midiático dos personagens centrais, permitiu aos diretores um registro semelhante ao de reality show, quando se acompanha o próprio desenrolar dos acontecimentos, em que pese a edição.

O cineasta, depois desgarrado, não foi o único a ser tragado pela NXVIM. Fundada no fim dos anos 1990 com o boom de livros e instituições de auto-ajuda, ela absorveu tempo, trabalho e dinheiro de milhares de pessoas nos EUA e no México, muitas delas famosas.

É gente como a atriz Allison Mack (a Chloe da série “Smalville”) e a herdeira da empresa de bebidas Seagram, Clare Bronfman, que acabaram condenadas, com outras duas pessoas e o chefe do grupo, Keith Raniere, por um emaranho de crimes que vai de fraude financeira a tráfico sexual e conspiração para manter pessoas em trabalhos forçados.

A NXVIM foi organizada como empresa de cursos e seminários, ao custo de milhares de dólares cada um, e instituiu uma infindável hierarquia que os discípulos ansiavam em galgar, num esquema de pirâmide em cujo topo pairava Raniere. Como outros gurus autointitulados, ele usava seu status e carisma para manter um séquito de parceiras sexuais, nem todas nesse papel por vontade própria.

O olhar de Amer e Noujaim recai nos exercícios de dominação mental de Raniere e sua sócia, uma mulher chamada Nancy Salzaman que conduzia seminários de “empoderamento”, para manter o negócio, com gente trabalhando de graça, por duas décadas, até o escândalo estourar em 2017. Eles incluíam privação de sono e comida, coerção por chantagem e um contínuo assédio moral para os integrantes crerem que nunca doavam o suficiente ao grupo.

Raniere, como ocorre com megalomaníacos diante de grandes rebanhos, adotou um título, “Vanguarda”, e nomeou Salzmana “prefeita”. Abaixo, havia um intrincado organograma no qual Mack ascendeu rapidamente com a missão de atrair novas escravas sexuais para seu “mestre” (eram as iniciais de Mack e Raniere que eram queimadas pele das discípulas).

O que difere este de outros líderes que se alimentam de fanatismo e carência por respostas é que Raniere evocava a ciência e a lógica para propagar seu “método”, e seus seguidores, gente instruída e bem alimentada, acreditavam-se criando um mundo melhor. A NXVIM negou ser um culto religioso. O fanatismo, porém, se alimenta de ambições muito mundanas.

O terceiro dos nove capítulos de "The Vow" vai ao ar às 23h deste domingo na HBO; a série está também na HBOGo

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters