Siga a folha

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

Descrição de chapéu Beleza

Coisa de mulherzinha

'Acusação de ser instrumento de opressão é dura', diz a Maquiagem

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Apresentadora: No episódio de hoje de 'Coisa de Mulherzinha', nosso programa entrevista mais um item indispensável ao público feminino, a Maquiagem.

Maquiagem: Indispensável é uma palavra muito forte. Experimenta sair de casa sem sapato, sem parte de baixo. Esses, sim, são itens indispensáveis.

Apresentadora: Para uma mulher é diferente.

Maquiagem: Olha, longe de mim fazer desfeita, adorei o convite. Mas você dizer que maquiagem é coisa de mulherzinha denota certo desleixo da sua pesquisa. De fato, de uns tempos para cá, meu público ficou mais nichado. Mas nem sempre foi assim. Os homens já usavam maquiagem na Idade da Pedra, sabia?

Apresentadora: Nunca poderia imaginar que os homens das cavernas fossem vaidosos!

Maquiagem: Não era bem uma questão de vaidade. Eles usavam um pó avermelhado no rosto que servia tanto para camuflagem, quanto para assustar inimigos. Era uma questão de sobrevivência. Hoje só garanto a sobrevivência de um punhado de blogueiras e olhe lá.

Ilustração de Silvis para coluna de Manuela Cantuária de 18 de março de 2024 - Silvis/Folhapress

Apresentadora: Então você considera que o auge da sua carreira já passou?

Maquiagem: Com certeza. No Egito Antigo, a maquiagem dos faraós era um símbolo de poder, de sacralidade. Na China, milênios atrás, os funcionários públicos eram obrigados por lei a usar maquiagem. Isso sim é ser indispensável. Os povos antigos me colocavam em outro patamar. Eu era essencial em guerras, em ritos religiosos, nas mais altas cúpulas de poder.

Apresentadora: Pegando esse gancho do passado, você tem algum arrependimento?

Maquiagem: Alguns. A maquiagem mais vendida no século 19, por exemplo, era o Pó de Ofélia, que fazia referência à personagem de Shakespeare e deixava as mulheres com aparência frágil e adoecida. Uma tendência mórbida, pavorosa. Não é à toa que parte das feministas hoje em dia são minhas haters.

Apresentadora: E como é sua relação com essas haters?

Maquiagem: A acusação de ser instrumento de opressão é dura, mas encaro como crítica construtiva. Antigamente, na corte real inglesa, por exemplo, o que se usava para uma coroação —um evento da maior importância, raríssimo— era uma camada de pó e um blushzinho. Hoje para ir ali na esquina as mulheres tem que usar primer, base, corretivo, contorno, pó, iluminador, blush, sombra, rímel, delineador, lápis de olho, lápis de boca, batom, fixador. Qual o sentido de ter todo esse trabalho se você não estiver indo para uma guerra?

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas