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Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Menina obediente não fala palavrão

A maioria dos homens não usa essa palavra feia, nem pensa sobre o que ela significa

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Hoje vamos falar de um assunto para lá de chato. Imagino que alguns vão torcer o narizinho quando eu disser esse palavrão: patriarcado. Entendo, e até concordo, em parte.

Ninguém aguenta mais o discurso esvaziado que virou estampa de ecobag: "Abaixo o patriarcado!". Assim como ninguém aguenta mais esse sisteminha opressor de gêneros milenar, que influencia todas as esferas da nossa vida.

Afinal, o que é esse tal de patriarcado? Um sistema político-social que parte da ideia de que os homens são superiores, dominantes, e detentores do direito de controlar os grupos mais fracos abaixo deles, especialmente as mulheres.

A maioria dos homens não usa essa palavra feia e chata, nem sequer pensa sobre o que o patriarcado significa, como é construído e sustentado. Se até os homens são ignorantes a respeito do sistema que molda suas identidades e seu papel social, é evidente que não são eles os vilões dessa história.

Essa ideologia ganhou força na Idade do Ferro (3.000 a.C.), com o surgimento da metalurgia do ferro, um período de muitas guerras em que os povos que detinham essa tecnologia se expandiram e dominaram outras culturas. É quando a ideia de dominação e acumulação passou a nortear nossos valores enquanto indivíduos e sociedade.

Na Grécia Antiga, berço da civilização ocidental e da filosofia (por volta de 300 a.C.), a linha de pensamento platônico-aristotélica legitimou o discurso da inferioridade feminina em relação ao homem —e, milênios depois, ainda serviria como base para os estudos do Freud, o pai da psicanálise!

No Império Romano (século 5º a.C.), a legislação concedeu ao homem o status de "pater familias". O patriarca tinha "o poder de vida e de morte dos seus filhos, das suas esposas e dos seus escravizados". Ao homem, o patrimônio, à mulher, o matrimônio.

Na revolução industrial (século 18), o trabalho doméstico não remunerado da mulher é um fator indispensável para a transição do feudalismo para o capitalismo. Nesse contexto, a função social da mulher é ser uma fábrica de operários —abortar, nem pensar, que "preju"!

E, hoje, toda vez que falo este palavrão nesta coluna, um homem que se sente superior me acusa de ser infantilizada e ter o pensamento limitado… Se eu também não tivesse consciência do que esse palavrão significa, poderia simplesmente responder: "engole o choro, menino!".

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