Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Mulheres a serviço do patriarcado

Que maravilha, teremos um macho no STJ para lutar por nós

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Nos últimos anos, ficou evidente que ter mais mulheres na política não garante a defesa de pautas e espaços que beneficiem estas que são mais da metade da população. Parlamentares de extrema direita, como Bia Kicis, Carla Zambelli e, recentemente, Julia Zanatta e Ana Campagnolo, estão apenas a serviço do patriarcado.

Levaram ao setor público o modelo perfeito de submissão que os conservadores pregam. Levantam bandeiras que agradam aos caciques dos partidos que representam, atacam projetos em prol das mulheres e, claro, se declaram antifeministas. Para Kicis, o feminismo é "máquina de moer jovens e transformá-las em barangas". Antes baranga a pau-mandado de homem.

Infelizmente, a agenda do patriarcado encontra apoio em todo o espectro político. O presidente Lula, que, ao contrário do brucutu que habitava o Planalto, tem o discurso sobre igualdade de gênero na ponta da língua, na prática mostrou que não está preocupado em garantir representatividade feminina no Judiciário. Nem ele nem cinco mulheres importantes no cenário político e acadêmico.

Flávio Crocce Caetano na campanha presidencial de 2014 - Sérgio Lima - 24.set.14/Folhapress

A ex-presidente Dilma Rousseff, a ex-prefeita Luiza Erundina, a ex-ministra da Mulher Eleonora Menicucci e feministas como a professora de direito da PUC-SP Silvia Pimentel e a professora Flávia Piovesan emitiram cartas em apoio à candidatura de Flávio Crocce Caetano para a próxima vaga no STJ. Depois de Lula abençoar Cristiano Zanin para o STF, de novo o critério de gênero deve ser ignorado —e com o apoio de mulheres progressistas.

A justificativa delas, segundo a jornalista Mônica Bergamo, é que Caetano será um defensor do feminismo no tribunal. Olha que maravilha, teremos um macho para lutar por nós. As mulheres do Judiciário que aguardem quietinhas a sua vez. Se é que um dia ela virá. Lugar de fala para que, se podemos ter um homem para falar por nós e se podemos continuar a serviço dos interesses do patriarcado?

Erramos: o texto foi alterado

O nome da ex-presidente Dilma Rousseff foi grafado incorretamente na versão inicial deste texto.

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