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Em busca do planeta perdido

Até os mais brilhantes astrônomos deram passos em falso no caminho do conhecimento

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No espaço de dois séculos, os trabalhos de Nicolau Copérnico (1473–1543), Giordano Bruno (1548–1600), Galileu Galilei (1564–1642) e Johannes Kepler (1571–1630) revolucionaram a nossa visão do universo, postulando que os planetas, inclusive a Terra, se movem em torno do Sol, e eliminando o protagonismo do nosso planeta.

Mas muitas questões permaneceram misteriosas no que diz respeito à existência e comportamento dos planetas conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Nisso até os mais brilhantes astrônomos deram passos em falso, como acontece com frequência com aqueles que trabalham na fronteira do conhecimento.

Sistema Solar - ESO/AFP

Kepler acreditava que a existência de cinco planetas, além da Terra, estaria ligada ao fato de existirem exatamente cinco sólidos platônicos: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro. A descoberta de Urano, por William Herschel (1738–1822) em 1781, deu um golpe de morte nesse belo modelo kepleriano.

Outra ideia controversa foi proposta pelos alemães Johan Titius (1729–1796) e Johann Bode (1747–1826): os raios das órbitas dos planetas estariam na mesma proporção que uma certa sequência de números dada por uma regra matemática precisa: 0,4 (Mercúrio), 0,7 (Vênus), 1,0 (Terra), 1,6 (Marte), 2,8 (??), 5,2 (Júpiter) e 10,0 (Saturno).

A aproximação é bastante boa, inclusive para o planeta Urano que só seria descoberto depois. Mas, para validar a lei de Titius-Bode seria preciso encontrar um planeta entre Marte e Júpiter com órbita 2,8 vezes maior do que a da Terra. Foi criado um grupo de 24 astrônomos renomados, intitulado Polícia Celestial, para buscar tal planeta.

Em 1 de janeiro de 1801, o italiano Giuseppe Piazzi (1746–1826) observou um corpo celeste móvel que lhe pareceu "algo melhor do que um cometa", e a que deu o nome da deusa Ceres. Quando os astrônomos perderam a posição do astro, a situação foi salva pelo grande Carl Friedrich Gauss (1777–1855), com apenas 24 anos, que desenvolveu um método preciso de cálculo da trajetória para reencontrar Ceres no céu.

A órbita de Ceres estava bem próxima da previsão de Titius–Bode, mas o novo astro era pequeno demais para ser tomado a sério como planeta. Foi chamado de asteroide e atualmente é considerado um planeta anão. Com a descoberta de Netuno, a lei de Titius-Bode ficou desacreditada, e atualmente é considerada apenas uma coincidência sem fundamento científico.

Erramos: o texto foi alterado

O texto apontava duas vezes o ​"icosaedro" entre os cinco sólidos platônicos. O correto seria o "octaedro" no lugar da primeira menção. 

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