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Quem tem alergia à matemática?

Problemas com números podem afetar até coisas do dia a dia, como pedir um hambúrguer

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O famoso cientista Stephen Hawking contava que quando estava escrevendo "Uma Breve História do Tempo" o seu editor lhe fez um aviso: "Não mencione nenhuma fórmula matemática. A cada fórmula, as vendas caem pela metade!". Hawking seguiu o conselho e o livro foi um dos maiores fenômenos de vendas da história da literatura científica.

Há muitos outros exemplos de como "alergia" à matemática pode gerar prejuízos. Um amigo me comunicou dois casos muito curiosos da área de publicidade nos Estados Unidos.

Nos anos 1980, a empresa A&W lançou um novo hambúrguer para competir com o popular quarteirão, do McDonalds. O quarteirão pesa 1/4 de libra (cerca de 110 gramas), e a campanha do novo sanduíche enfatizava que, pelo mesmo preço, ele continha 1/3 de libra de carne. Foi um enorme fracasso, porque muita gente achava que 1/3 é menos do que 1/4, já que 3 é menor do que 4. Para que pagar o mesmo por menos carne?

Hambúrguer e batatas fritas - Paul J. Richards/AFP

A A&W e seus publicitários pensaram muito e acabaram achando uma solução genial: substituíram o A&W 1/3 pelo novo A&W 3/9, que pesa 3/9 de libra. Nós sabemos que 3/9 é o mesmo que 1/3, claro, mas para muitos compradores parecia muito mais, já que 3 e 9 são números maiores.

O A&W 3/9 foi um sucesso, a ponto de esgotar de vez em quando. Sempre que isso acontecia, a empresa substituía pelo A&W 2/6 (isso mesmo, 2/6 de libra...) sem cobrar nada a mais por isso!

O outro caso é ainda mais estranho. A empresa Miller lançou a cerveja Miller64, que tem apenas 64 calorias, para competir com a líder do segmento de cervejas superleves, a Bud Light Next 80, que tem 80 calorias.

Mas uma pesquisa de mercado mostrou que boa parte dos clientes potenciais achavam que 64 é mais do que 80, logo a nova cerveja seria de fato mais pesada que a outra! Como você resolveria um imbróglio desses, querida leitora, caro leitor?

A solução da Miller foi original e inteligente: contrataram o matemático Ken Ono, da Universidade da Virgínia, para esclarecer a questão. "Eu trabalho em teoria dos números, sou especialista em congruências de partições, formas modulares, e a Hipótese de Riemann. E garanto que 64 é menos do que 80."

"Nós provamos, 64 é menos do que 80!", conclui o comercial com entusiasmo.

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