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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus AGU

Montadoras dizem ao STF que países copiam lei brasileira da exclusividade na venda de veículos

Constitucionalidade da Lei Ferrari foi questionada pela Procuradoria-Geral da República

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Brasília

A Anfavea, a associação que representa as montadoras, enviou um documento ao ministro do STF Edson Fachin para mostrar que a alteração da Lei Ferrari levará ao desabastecimento do mercado de veículos e de peças.

Fachin é o relator da ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Constitucional) movida no fim de 2023 pela Procuradoria-Geral da República, que, na prática, quer acabar com os efeitos da legislação.

Movimentação de carros na avenida Santo Amaro, zona sul de São Paulo
Movimentação de carros na avenida Santo Amaro, zona sul de São Paulo - Rivaldo Gomes - 14.jun.22/Folhapress

Aprovada em 1979, a chamada Lei Ferrari estabelece, entre outros pontos, que somente concessionárias ligadas às montadoras poderão vender carros novos daquela marca.

A legislação também estipulou distâncias mínimas entre as concessionárias da mesma rede, criando uma exclusividade territorial.

Para a PGR, essa lei é protecionista, fere a livre concorrência, os direitos do consumidor, e promove a concentração de poder econômico, violando preceitos da Constituição.

As montadoras alertam ainda que retirar a lei do ordenamento jurídico criaria um "mercado paralelo" de distribuição e revenda de veículos.

No documento enviado a Fachin, obtido pelo Painel S.A., a Anfavea se vale de um levantamento global para mostrar que a lei vigente deve ser mantida como está.

Segundo o documento, o texto da lei brasileira foi usado como modelo pelo México, Chile, Argentina, Equador e Peru, países em que as associações de distribuidores ainda não conseguiram um regramento específico para o setor.

Também informa que alguns estados norte-americanos criaram leis inspiradas no texto brasileiro para regular o mercado automotivo.

A PGR sustenta que a lei, em vigor há 45 anos, não encontra respaldo na Constituição.

Mas a Anfavea, que ingressou como parte interessada (amicus curiae), informou que existem mais de 4 mil contratos de concessão vigentes, celebrados de acordo com a lei.

"Uma mudança drástica trará graves consequências ao setor automotivo nacional e criará um cenário de crítica insegurança jurídica", advertiram as montadoras.

O Ministério da Indústria e Comércio, a AGU, Senado e Câmara dos Deputados já se manifestaram na ação em defesa da lei.

com Diego Felix

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