Siga a folha

Liu Hui foi o pioneiro da matemática chinesa

Obras antigas mostram avanço da disciplina em meio à guerra

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O brilho da matemática da Grécia clássica perdurou e disseminou-se durante o período helenístico, entre a morte de Alexandre (323 a.C.) e a anexação da Grécia à República Romana (146 a.C.). Mas logo a tocha da matemática iria viajar para o Oriente.

Maiores construtores de império que o mundo já viu, os romanos eram muito mais engenheiros do que cientistas. Limitaram-se a pegar dos gregos a ciência de que necessitavam e a aplicá-la (com notável eficácia, é verdade). O Ocidente entrou em uma relativa letargia de curiosidade, de que só viria a sair no Renascimento.

Na China, o período entre os séculos 5° e 3° a.C. são conhecidos como o "período dos estados guerreiros": meia dúzia de potências regionais lutam incessantemente entre si pela primazia, e até a unificação do país, por volta de 230 a.C., pelas mãos do primeiro imperador, Qin Shi Huang.

A mais antiga obra matemática chinesa conhecida, "Clássico Aritmético do Gnômon e os Trajetos Circulares do Céu" foi escrita nesse período e testemunha o notável avanço da disciplina, em meio à anarquia da guerra. Além do foco em astronomia, contém resultados sobre números inteiros, frações e propriedades dos triângulos, incluindo uma versão do teorema de Pitágoras (acredita-se que tenha sido descoberto independentemente: em todo caso, nisso tanto gregos como chineses foram precedidos pelos mesopotâmios).

Busto de Liu Hui na Universidade Internacional de Estudos Econômicos de Hunan (China) - Reprodução

O "Clássico" foi seguido pelo ainda mais influente "Nove Capítulos da Arte Matemática", que contém abundante material sobre resolução de equações, extração de raízes, propriedades de triângulos retângulos e cálculo de áreas e volumes.

O principal avanço nas questões levantadas nos "Nove Capítulos" foi devido a Liu Hui, matemático de origem aristocrática que viveu no século 3°, em livro que publicou em 263. Liu Hui aponta que o cálculo da área do círculo nos "Nove Capítulos" está errado: de forma implícita, o autor supõe que π = 3. Em vez disso, Liu Hui descreveu um método para calcular o valor de π com qualquer precisão desejada. A abordagem é semelhante àquela proposta por Arquimedes: inscrever no círculo polígonos regulares com muitos lados, cujos perímetros podem ser calculados a partir das propriedades de triângulos retângulos e estão próximos do período do círculo.

Minha mãe, dona Isaura, professora dos anos iniciais da educação básica, me contou que nos tempos de estudante de escola normal calculou o valor aproximado de π na aula usando esse mesmo método, uma experiência que ela nunca esqueceu. É uma pena que matemática mão na massa como essa tenha praticamente desaparecido das salas de aula.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas