Conheça Gabriel Garcia, que vai disputar Olimpíadas e Paralimpíadas em Paris

Primeiro homem brasileiro a conseguir o feito vai correr revezamento 4 x 100 m e é atleta-guia

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São Paulo

Correr sozinho é bem mais tranquilo do que correr guiando um paratleta. É assim que Gabriel Garcia, 26, o primeiro homem brasileiro a ser convocado para as Olimpíadas e Paralimpíadas no mesmo ano, compara as vivências que tem como velocista individual e como atleta-guia da medalhista paralímpica Jerusa Geber.

"Não é só correr do lado, como as pessoas acham que é. Eu sou os olhos da Jerusa, tenho que acompanhar as passadas, o movimento dos braços. Qualquer errinho pode prejudicar muito a corrida", diz à Folha, um dia antes de embarcar para Lisboa, de onde partirá para a capital francesa.

Daí vem sua motivação para buscar um alto nível também na corrida individual. Em Paris-2024, ele vai compor a equipe do revezamento 4 x 100 m nos Jogos Olímpicos e, pela segunda vez, acompanhará Jerusa nos 100 m e 200 m na categoria T11 (para atletas com deficiência visual) nas Paralimpíadas.

A imagem mostra três atletas competindo em uma corrida em uma pista de atletismo. O atleta à esquerda veste uma camiseta azul, o do meio está com uma camiseta verde e o da direita usa uma camiseta preta. O público pode ser visto nas arquibancadas ao fundo.
O prudentino Gabriel Garcia (centro) durante prova no Desafio CPB/CBAt, em São Paulo; ele é o primeiro homem brasileiro a disputar a mesma edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos - Divulgação - 1.mai.23/CPB

Gabriel agora se junta à mesatenista Bruna Alexandre, primeira brasileira a participar das duas versões das Olimpíadas na mesma edição. A atleta de 29 anos vai disputar as chaves simples e por equipes nos Jogos Olímpicos e a classe 10, para atletas com deficiência física que competem de pé, nos Paralímpicos.

A expectativa de Gabriel e Jerusa para Paris é alta. O velocista acredita estar em sua melhor forma e vê as Paralimpíadas deste ano como oportunidade de redenção, após um acidente incomum em Tóquio-2020 desclassificar a dupla na prova dos 100 m, a preferida deles. Logo após a largada, a corda-guia que une os dois arrebentou.

"Ainda lá em Tóquio, falei para a Jerusa que talvez não fosse nosso ano, que era para focarmos e darmos nosso máximo porque 2024 seria nosso", relata o velocista. Apesar da desclassificação, levaram o bronze olímpico nos 200 m.

Juntos, eles empilham títulos importantes, como o tricampeonato mundial nos 100 m T11 (2019, 2023 e 2024) e o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago de 2023, na mesma modalidade. Também no ano passado a dupla conquistou o ouro nos 200 m do mundial e tornou-se recordista mundial nos 100 m, com o tempo de 11s83.

Dois atletas estão posando em uma pista de atletismo, segurando a bandeira do Brasil. Uma está vestindo uma camiseta preta e o outro uma camiseta laranja. Ambos estão sorrindo e parecem estar celebrando.
A dupla Jerusa Geber e Gabriel Garcia é a atual recordista mundial nos 100 m categoria T11 - Marcello Zambrana - 7.mai.24/CPB

Correndo sozinho, Gabriel teve o resultado mais importante de sua carreira em junho deste ano, quando venceu os 200 m do Troféu Brasil Atletismo, disputado em São Paulo. No início de julho, veio a tão esperada convocação olímpica. Ele diz estar preparado. "Ser guia muda a cabeça, já estou acostumado com a pressão."

O incentivo na carreira solo partiu da própria Jerusa e do técnico Luiz Henrique Barboza da Silva, que treina ambos. "Eles sabiam que eu também tinha potencial no [atletismo] olímpico. Por mim, eu continuava sendo guia, mas eles queriam que eu voltasse a correr sozinho. Foi aí que eu retornei", conta o atleta, que é natural de Presidente Prudente (SP).

Sem dinheiro para comprar tênis no início da carreira, Gabriel correu suas primeiras competições descalço. Aos 15 anos, entrou para um projeto do medalhista olímpico André Domingos. Na expectativa da primeira participação nos Jogos, acredita estar colhendo frutos de sua dedicação.

A equipe do revezamento para Paris é composta também por Felipe Bardi, Erik Cardoso, Paulo André e Renan Gallina. Todos, junto a Gabriel e Rodrigo Nascimento, estiveram no Mundial de Revezamento que aconteceu em maio deste ano, nas Bahamas. Na ocasião, correram Erik, Paulo André, Renan e Rodrigo.

Nas Olimpíadas, cabe ao técnico da seleção definir quem fica de fora. "Acredito bastante que vou correr, justamente por eu ser o homem que abre o revezamento", afirma. Mas disse estar tranquilo caso fique no banco. "Os meninos que estão dentro da pista carregam os que não estão; entramos como um time só."

O quinteto deve treinar em Lisboa até dia 29, quando parte para a França. O revezamento 4 x 100 m masculino vai acontecer nos dias 8 e 9 de agosto.

Na sequência, Gabriel retorna ao Brasil para treinar com Jerusa por duas semanas antes de voltar a Paris para os Jogos Paralímpicos, que começam em 28 de agosto.

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