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Jornalista e roteirista de TV.

Pazuello não se importa

General acha que sua missão foi cumprida porque serviu de capacho para Bolsonaro

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Que Eduardo Pazuello mente não há dúvida, o que a CPI da Covid deixou claro é que ele não se importa com a tragédia que devasta o Brasil e na qual atuou como protagonista. O passeio sem máscara no shopping não foi descuido, demonstra que ele comunga com a retórica do presidente de que “pessoas vão morrer um dia” e não havia muito o que fazer. Portanto, não fizeram nem o mínimo.

Pelo contrário, o ex-ministro da Saúde tem a sua assinatura em medidas que só aprofundaram a crise. Ignorou medidas de isolamento, o uso de máscaras, foi cúmplice na prescrição de medicamentos comprovadamente não eficazes no tratamento da doença, ignorou a urgência no socorro a Manaus, sabotou a divulgação de dados de infectados e de mortes, negligenciou a compra de vacinas.

Presunção de inocência é uma coisa, Pazuello não estar preso com tantas evidências é algo que ultrapassa as questões jurídicas. Tivesse algum remorso, algum sentimento de culpa, teria assumido erros e apontado as responsabilidades de Jair Bolsonaro.

O seu depoimento mostra que decidiu honrar apenas pela metade o juramento que jovens militares fazem à bandeira: “prometo cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado”. Sua submissão ao presidente ficou clara, em detrimento de “dedicar-me inteiramente ao serviço da pátria, cuja honra, integridade e instituições defenderei com o sacrifício da própria vida”.

Pazuello acovardou-se não apenas por lealdade, mas porque não se importa. Alegou “missão cumprida” ao ser questionado sobre sua saída do ministério, em depoimento à CPI da Covid. Resta saber qual era a desafio, visto que o general assumiu interinamente a pasta quando o Brasil contabilizada 14.817 mortes. Mais de dez meses depois, quando considerava seu trabalho feito, já eram quase 280 mil vidas perdidas.

Talvez o general ache que sua missão foi cumprida porque serviu de capacho para Bolsonaro. À custa da vida de milhares de brasileiros.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante depoimento na CPI da Covid - Pedro Ladeira/Folhapress

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