Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

A CPI virou BBB

Opositores e governistas, muitos parecem preocupados só em 'lacrar' para as redes

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O Brasil "tá lascado". O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, abriu uma caixinha de perguntas em seu Instagram para que seus seguidores enviassem questionamentos que poderiam ser aproveitados no depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Se você não tem intimidade com a rede, explico. O recurso permite uma interação direta e aproxima famosos e autoridades de seus interlocutores.

É sinal dos tempos que esses meios sejam usados por políticos para estreitar a conversa com seus eleitores e que estes tenham um canal de comunicação direta para que possam cobrar seus eleitos. Tanto que há uma discussão necessária sobre a legalidade do cerceamento de informação quando as contas são usadas em atividades públicas e seus representantes bloqueiam cidadãos e jornalistas.

Calheiros, espertamente, dá um passo à frente nessa proximidade ao usar uma ferramenta popular e atrair a atenção de cada vez mais gente. Outros senadores têm pedido "contribuições" pelo Twitter. A espetacularização de comissões parlamentares não é novidade, mas chegou a outro patamar; e quem ganha são os parlamentares, não a investigação.

A atitude dos senadores parece fazer valer o artigo 1º da Constituição, "todo poder emana do povo", mas apenas confere aos espectadores uma falsa sensação de protagonismo, de que participam no rumo dos depoimentos, assim como podem interferir nas votações do BBB.

Mas a ilusória democratização da CPI explicita o porquê de a condução dos interrogatórios muitas vezes deixar a desejar. De governistas a opositores, muitos parecem apenas preocupados em "lacrar" para alimentar suas redes. Em vez de dar voz ao povo, seria mais importante que o Senado contratasse uma agência de checagem, para que a CPI não vire foco de disseminação de fake news. Essa, sim, uma sugestão que surgiu no Twitter e que deveria ser acolhida.

O ex-ministro Eduardo Pazuello e o relator da CPI, Renan Calheiros - Edilson Rodrigues/Agência Senad

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