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Jornalista e roteirista de TV.

As sequelas do bolsonarismo

Marcas da incivilidade continuarão tendo efeito na saúde mental coletiva

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Precisaremos de tempo para conhecer as nuances do rastro da destruição causada por Jair Bolsonaro. Não me refiro aos indicadores econômicos e sociais que já sinalizam retrocesso, estagnação, incompetência. Esses dados são desde já acessíveis e revelam uma parte da devastação civilizatória no país. Falo sobre as profundas sequelas emocionais deixadas pelo bolsonarismo na sociedade.

O atual governo alimentou nos últimos quatro anos um clima de arruaça constante. Não houve um dia de tranquilidade desde que Bolsonaro assumiu o poder. Nos tornamos um povo triste, ansioso e cansado, refém de uma gestão caótica e antidemocrática. Num futuro próximo, imagino que os estudiosos diagnosticarão o brasileiro com estresse pós-traumático, o tipo de choque causado em quem enfrenta guerras, assaltos, violência sexual.

Converse com qualquer pessoa que não faça arminha com a mão. É um surto coletivo de taquicardia, dificuldade para dormir, pesadelos, ansiedade, ataques de raiva, medo, abuso de álcool, uso de drogas legais ou não. Se tem algo que faz a economia bombar é a venda de Rivotril. Nunca mais seremos os mesmos. Envelhecemos uma década nos últimos quatro anos. O bolsonarismo arruinou anos valiosos, talvez os últimos na vida de muita gente.

Impressiona alguém considerar alguma coisa dentro da "normalidade".

Vidas negligenciadas na pandemia, relações familiares destruídas, democracia cambaleante, selvageria nas redes sociais, violência e morte no cotidiano. Essa conta começa a chegar agora aos responsáveis.

Ao que tudo indica, ele não será reeleito. Se não o próximo domingo, o dia 30 deve marcar sua derrocada. Mas é difícil saber quando, de fato, viraremos a página dessa história. O que há de mais nefasto no bolsonarismo continuará vivo, ao menos por um tempo, e as marcas de sua incivilidade continuarão tendo algum efeito na saúde mental coletiva.

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