Siga a folha

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

Descrição de chapéu tênis Olimpíadas 2024

Qual foi a última vez que você desistiu cedo demais?

Como a resiliência e a determinação dos atletas servem de exemplo para nós, mortais

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

"A vitória pertence ao mais obstinado." A frase decora a arquibancada da quadra central do complexo de Roland Garros. No tênis, ela combina perfeitamente com o atleta que se tornou o rei deste torneio. Rafael Nadal já ganhou Roland Garros 14 vezes. Tem até uma estátua do espanhol por lá. A citação também me lembra de experiências que vivi em eventos esportivos em que a obstinação fez toda a diferença.

Nos Jogos Pan-americanos de Toronto, em 2015, um dos esportes que cobri e o que mais me marcou foi o Pentatlo Moderno. A brasileira Yane Marques, ouro no Pan em 2007, prata em 2011 e bronze nos Jogos Olímpicos de 2012, era uma das favoritas. Começou na frente na esgrima, na natação, perdeu vantagem no hipismo e, na última prova, um combinado de tiro e corrida, venceu por um segundo de vantagem para a rival mexicana. As duas desabaram ao cruzar a linha de chegada em um final emocionante. Quando entrevistei Yane e perguntei o que foi decisivo para o ouro, ela me falou algo que nunca esqueci: "venci porque eu quis mais."

Rafael Nadal na partida contra o alemão Alexander Zverev - Dimitar Dilkoff/AFP

Em 2018, nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, um dos personagens mais carismáticos era o Pita Taufatofua. Nas Olimpíadas do Rio, em 2016, ele ficou conhecido por desfilar na cerimônia de abertura sem camisa e cheio de óleo no corpo. O atleta de Tonga mudou de esporte, do taekwondo para o esqui cross-country. Na neve, foi aplaudidíssimo só por terminar a prova dos 15 km na posição 115 entre 119 competidores. Para ele, estar ali era uma vitória. "Minha mensagem é: não desista. As pessoas desistem na hora errada, chegam perto dos seus objetivos e param. Quando tudo está dando errado, significa que está perto de dar certo," me disse.

A resiliência dos judocas também me impressiona. Em um esporte em que todas as lutas de uma categoria são disputadas no mesmo dia, quem perde na semifinal volta ao tatame minutos depois para lutar pelo bronze. Acho incrível como conseguem esquecer uma derrota sofrida e recuperam o mindset vencedor para tentar uma medalha.

Esta edição de Roland Garros termina dia 9 de julho. Nadal deu, mais uma vez, uma aula de obstinação. O espanhol tem sofrido com lesões nos últimos anos e deve se aposentar em 2024, e na primeira rodada já enfrentou Alexander Zverev, número 4 do mundo. Lutou por cada ponto e parecia querer mais do que o alemão, mas, desta vez, o corpo não deixou. Foi eliminado de cara no torneio que sempre dominou. Após a derrota, disse o quanto era especial sentir o amor do público no lugar onde mais ama e que não sabe do futuro, mas pelo menos está feliz de voltar ao saibro francês nos Jogos Olímpicos de Paris, em dois meses.

Conquista é algo relativo. Pode ser um game em uma partida de tênis, a medalha de ouro, a vaga entre os competidores de uma prova.

Episódios como esses me lembram o quanto aprendemos com o esporte e como podemos usar essas lições. Obstinação, resiliência, disciplina importam, e às vezes deixamos de lado uma meta pessoal ou profissional antes da hora.

Além da frase em Roland Garros, gosto de outra, também no tênis, dita pela lenda Billie Jean King: "a pressão é um privilégio." Ou seja, significa que algo relevante está em jogo, fruto do nosso esforço. É sobre como transformar a pressão em um sentimento positivo e combustível quando buscamos uma conquista. Vale para o esporte e para a vida. E você, qual foi a última vez que desistiu de uma meta importante cedo demais?

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas