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Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

'BBB' e 'A Fazenda' se destacaram em meio a reprises e cancelamentos

Reality shows tiveram edições antológicas em 2020, com excelentes índices de audiência

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Num ano que será lembrado pelas reprises de novelas no horário nobre, o cancelamento de programas e a demissão de talvez milhares de funcionários, a TV brasileira viu duas atrações sempre muito criticadas ganharem um protagonismo inédito.

“Big Brother Brasil”, da Globo, e “A Fazenda”, da Record, tiveram edições antológicas em 2020, com excelentes índices de audiência, sucesso comercial que fez a diferença num ano de baixo faturamento e engajamento sem precedentes nas redes sociais.

Os dois são reality shows de confinamento. Por três meses, duas dezenas de participantes, anônimos ou subcelebridades, são obrigados a conviver 24 horas por dia, isolados de contato com o mundo exterior e competem entre si por um prêmio milionário.

Essa rotina é acompanhada pelo espectador, que, a cada semana, participa de uma votação para eliminar ou manter um participante no jogo. A Globo informou que uma das disputas neste ano atraiu 1,5 bilhão de votos. Já a Record divulgou que uma das votações chegou perto de 900 milhões de votos.

Exibida entre 8 de setembro e esta quinta-feira, 17 de dezembro, “A Fazenda 12” registrou o melhor resultado comercial e a terceira maior audiência desde a estreia do formato, em 2009.

O reality show vai terminar com uma média de 13,6 pontos na Grande São Paulo (cada ponto equivale a 203.309 indivíduos). O crescimento do Ibope em relação à edição do ano passado foi de mais de 60%.

Em vários momentos, “A Fazenda” superou a audiência da Globo. Para se defender, a emissora carioca esticou a novela das 21h até quase as 23h —um tipo de estratégia de programação que há algum tempo não se via.

Maior do que esperado, o sucesso do programa levou a Record a prolongá-lo, no meio do caminho, por mais uma semana. Em vez dos 94 dias previstos, o reality ficou no ar por 101 dias —a mais longa duração de um reality do gênero no país.

Na reta final, atulhada de ações comerciais e pouco conteúdo, o reality perdeu bastante a graça, enredando até mesmo o ótimo apresentador, Marcos Mion. Mas o público seguiu fiel.

Situações semelhantes foram experimentadas pelo “BBB 20”. Com audiência média de 25 pontos em São Paulo, foi a terceira edição do reality mais vista nos últimos dez anos.

Devido ao sucesso, a Globo estendeu a duração do programa por mais quatro dias. Foram, no total, 98 dias, entre 21 de janeiro e 27 de abril.

Não escapou de ninguém a ironia de que o enorme sucesso das duas atrações tenha ocorrido justamente num ano em que o público também está confinado em casa por causa da pandemia de coronavírus.

Sem opções de lazer, a televisão foi a grande companhia do brasileiro em 2020. Mesmo as reprises de novelas tiveram boa audiência. Mas os reality shows ofereceram algo a mais e raro neste momento: conteúdo original ao vivo.

O início da pandemia pegou o “BBB 20” já em andamento. Assim a Globo só teve a preocupação de evitar que o vírus entrasse na casa onde os participantes estavam confinados. Numa noite emocionante, eles foram avisados que o mundo estava paralisado por causa da pandemia.

De bônus, e mais uma vez contrariando a ideia de que este tipo de programa apenas gera entretenimento de baixa qualidade, o reality da Globo ainda provocou importantes debates entre o público sobre assédio sexual, machismo e racismo.

*

Faço uma pausa de três semanas e retomo a coluna no dia 14 de janeiro.

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