Siga a folha

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

'Seja um homem de verdade!'

Os homens são cobrados para serem fortes, potentes e poderosos mesmo em tempos tão trágicos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

As mulheres falam muito mais sobre as suas insatisfações do que os homens. Na minha pesquisa, elas elaboram uma lista interminável de problemas no casamento, enquanto eles reclamam, basicamente, de falta de compreensão.

Para um jornalista de 45 anos, existe uma cobrança enorme para que os homens sejam potentes, fortes e poderosos, mesmo em circunstâncias dramáticas como a que estamos vivendo.

“É um absurdo que, em pleno século 21, um homem não possa expor seus medos, sofrimentos e fraquezas. Existe um imperativo categórico: ‘Seja um homem de verdade! Seja macho! Homem não chora!’ O fato de estar compartilhando com meus amigos o medo de estar impotente tem me ajudado a administrar melhor a vergonha, a culpa e a ansiedade por me sentir brocha pela primeira vez na vida. Diminuiu bastante a minha sensação de fracasso saber que não sou o único homem que está brocha.”

Muitos homens revelam que a vida conjugal e sexual piorou muito com a pandemia, como um professor de 65 anos:

“Estou há cinco meses sem transar, isso nunca me aconteceu. Não tenho vergonha de confessar: estou totalmente brocha. Minha mulher reclama muito, acha que a nossa vida sexual foi para as cucuias e não tem mais volta. Ela não compreende como fiquei brocha de uma hora para outra. As brigas e discussões só pioram a situação. Ficar brocha é o menor dos meus problemas. Meus pais têm 90 anos, tenho três filhos e dois netos. Ela não consegue aceitar que é impossível ter tesão no meio desse pesadelo”.

Muitos homens afirmam que a vida sexual piorou com a pandemia - Photographee.eu - stock.adobe.co

Ele continuou:

“Brinco com os amigos: ‘Apertem os cintos, o tesão sumiu!’ Não conheço um só que está conseguindo transar como antes. Sinto mais falta de carinho, cuidado e atenção do que de sexo. Voltei a fumar, estou bebendo muito, tomando calmante, engordei dez quilos. Será que algum homem da minha idade está conseguindo transar sem tomar Viagra?”.

Você também está brocha?

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas