O percentual de pessoas internadas com problemas respiratórios no Brasil que testaram positivo para Covid-19 saltou para 86% na semana passada, segundo dados compilados pela Fiocruz.

Em meados de fevereiro, quando o primeiro caso foi registrado no Brasil, o percentual era de 3%.

A evolução foi vertiginosa: na segunda semana de março, 58% dos testados com problemas respiratórios no sistema de saúde já estavam infectados com o novo coronavírus. Uma semana depois, o percentual tinha saltado para 74%.

A chegada do vírus fez explodir o número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país.

De janeiro ao começo de abril, 26.062 pessoas foram hospitalizadas com problemas respiratórios —um número três vezes maior do que os 8.140 internados no mesmo período de 2019.

A curva de internações, no entanto, está sendo lentamente achatada –o aumento na 13ª semana de registros da doença foi de 15%, contra um salto de hospitalizações de 122% da semana anterior.

"É um indicativo do efeito positivo do isolamento social sobre a disseminação do novo coronavírus", afirma Marcelo Gomes, que coordena o InfoGripe, sistema da Fiocruz que, em parceria com o Ministério da Saúde, recebe os dados dos hospitais e monitora os casos da SRAG no Brasil.

"Mas a curva, ainda que em menor velocidade, continua subindo. Não é hora de relaxar", segue ele.

"O panorama apresentado pelo sistema, com manutenção da tendência de crescimento do número semanal de casos de SRAG, atividade semanal considerada muito elevada, aliado ao alto percentual de detecção de COVID-19 entre os casos com teste laboratorial positivo, sugere a necessidade de manutenção das recomendações de isolamento social para evitar demanda hospitalar acima da capacidade de atendimento", diz o informe da Fiocruz.