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Clube de elite foi omisso com funcionário e engavetou denúncia de agressão verbal contra babá, apontam relatos

OUTRO LADO: Direção do Harmonia diz repudiar toda e qualquer forma de 'discriminação ou preconceito'

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Sócios e profissionais que trabalham no clube de elite Harmonia, em São Paulo, afirmam que a diretoria da associação tem agido de forma negligente em casos em que há suspeita de discriminação e preconceito contra funcionários.

A coluna conversou com três pessoas que frequentam o Harmonia e que relataram dois episódios recentes em que o clube teria sido omisso. Por medo de retaliações, elas pediram para não serem identificadas.

Regras para babás do clube Harmonia, de São Paulo - Reprodução

Uma das situações ocorreu em julho, durante uma atividade para crianças. De acordo com os relatos ouvidos pela reportagem, um sócio disse que não queria que a filha frequentasse o mesmo ambiente que um dos monitores responsáveis pela recreação porque ele não teria "comportamento de homem". A fala, dita em voz alta a um dos recreadores, foi ouvida por pessoas ao redor.

O trabalhador mencionado pelo sócio é negro e usava, no dia do ocorrido, um pente afro e xuxinhas no cabelo. Na ocasião, outros monitores também trajavam roupas e acessórios coloridos porque promoviam uma atividade lúdica.

Em um primeiro momento, a gerência do Harmonia deu apoio aos funcionários, assim como parte dos sócios que estavam no local. Posteriormente, a diretoria teria aplicado uma advertência ao sócio, o que foi considerado uma pena branda por outros profissionais e frequentadores do clube.

Em outro episódio, esse mesmo sócio teria agredido verbalmente uma babá. Ele teria ficado irritado após uma pequena confusão envolvendo a filha dele e uma criança que era cuidada pela profissional.

Mesmo com a babá chorando e pedindo desculpas, o sócio não teria parado com as ofensas. Foi feita uma denúncia à diretoria, mas o clube não tomou nenhuma medida de punição ao autor da agressão, porque não teria conseguido comprovar os fatos.

Além dos dois episódios, a Federação Domésticas-SP e o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo afirmam que receberam na semana passada relatos de babás que dizem se sentir "constrangidas com as exigências e privações" impostas pelo clube.

Como mostrou a coluna, o Harmonia adotou uma série de regras para a entrada e permanência dessas profissionais na sede da associação. As duas entidades dizem que as normas são discriminatórias e denunciaram a situação ao Ministério do Trabalho e Emprego. Elas organizaram uma mobilização em frente ao clube, que estava marcada para ocorrer no sábado (12).

Há restrições sobre os locais em que as babás podem ficar e até mesmo fazer suas refeições. É vetado, por exemplo, que elas frequentem os restaurantes da sede ou da piscina —a não ser que estejam "acompanhadas das crianças e dos patrões".

Sobre a vestimenta, uma das regras é sobre o uso de bermudas, que deve ser "na altura do joelho, e camiseta na cor branca, sem qualquer tipo de inscrição, estampa ou transparência, não sendo permitido o uso de shorts ou colant".

Procurado pela coluna, o Harmonia diz repudiar "veemente toda e qualquer forma de discriminação ou preconceito".

"Importante salientar que a nossa história de mais de 93 anos como instituição não contempla qualquer prática ou ação que enseje preconceito e/ou discriminação com quaisquer pessoas, incluindo os acompanhantes de associados, que recebem o mesmo atendimento oferecido em nossas dependências."

O Harmonia disse também que a mobilização organizada pelo sindicato das empregadas domésticas é um direito constitucional.

"Entretanto, entendemos que essa manifestação parte de premissas e entendimentos equivocados em relação às regras internas e normas estatutárias que estabelecem condições para o acesso de todos os públicos, inclusive não-associados, como amigos e familiares de sócios", diz o clube.

Anteriormente, o clube já tinha afirmado que as medidas adotadas "não limitam, restringem ou discriminam a presença destes acompanhantes em qualquer ambiente". "Pelo contrário. Foram adicionados espaços não-obrigatórios nos quais os visitantes têm preferência para ocupação, seguindo exatamente os mesmos padrões oferecidos aos sócios nos espaços anteriores", afirmou o Harmonia.


MIAU

Ana Frango Elétrico - Hick Duarte/Divulgação

Ana Frango Elétrico vai lançar seu terceiro álbum, "Me Chama de Gato que Eu Sou Sua", que trará canções inéditas sobre amor queer. O trabalho, que também ganhará versão em vinil, chegará às plataformas digitais no dia 20 de outubro. O lançamento é uma parceria dos selos Risco (Brasil), Mr.Bongo (Inglaterra) e Disk Union (Japão).

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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