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'O jornalismo não é um crime', diz Biden, sobre o Apple Daily

Tabloide de Hong Kong, fechado nesta semana, investigou o então candidato democrata em 2020, para favorecer Trump

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Uma marca das campanhas americanas, a “surpresa de outubro” é a notícia que pode mudar o resultado a um mês da eleição. Foi assim com os emails revelados pelo WikiLeaks em 2016, mostrando coisas como uma palestra de Hillary Clinton no Goldman Sachs.

New York Times, Twitter e outros ecoaram, as revelações se ampliaram, culminando na abertura de investigação pelo FBI. Donald Trump foi eleito.

Quatro anos depois, NYT, Twitter e outros agiram para desacreditar e negar repercussão à nova surpresa de outubro, uma reportagem do New York Post com base em emails de Hunter Biden, filho de Joe.

Mostravam que ele apresentou ao pai um executivo ucraniano para o qual trabalhava, meses antes de “Biden sênior pressionar autoridades na Ucrânia a demitir procurador que investigava a empresa”.

Rejeitada por outros veículos e com repercussão obstruída em mídia social, a notícia se perdeu e Biden foi eleito.

Até aí, são histórias conhecidas e que ajudam a entender por que o novo governo democrata se esforça para manter Julian Assange preso —e por que as plataformas mantêm Trump em exílio digital.

Prateleira em loja de Hong Kong onde antes era vendido o jornal Pingguo Ribao ou Apple Daily - Reprodução

O que se conhece menos é que a surpresa de outubro de 2020 mobilizou outro jornal, o Pingguo Ribao ou Apple Daily, de Hong Kong. Além da Ucrânia, havia negócios na China.

O tabloide de Jimmy Lai investigou por meses as atividades de Hunter Biden no país, onde ele era até o ano passado sócio e membro do conselho do fundo BHR Partners, controlado pelo Banco da China.

O resultado foi um dossiê de 64 páginas, que foi parar na campanha, e duas reportagens no Apple Daily. A história foi revelada ainda naquele mês de outubro pela NBC, destacando que o relatório era assinado por um “analista de segurança” que não existia.

Segundo o site da rede, “o Apple Daily confirmou ter trabalhado no documento”, junto com um acadêmico americano baseado na Ásia, Christopher Balding, que contou ter sido contratado pelo jornal.

Além das duas reportagens, o material se espalhou por veículos como o podcast War Room, do ex-estrategista chefe da Casa Branca de Trump, Steve Bannon, e o jornal nova-iorquino The Epoch Times, da organização religiosa de extrema direita Falun Gong, criada e hoje banida na China.

Mas também essa surpresa paralela de outubro parou na barreira levantada por NYT, Twitter e outros, pouco ajudando Trump —cuja eleição Lai defendia publicamente.

Diante do fechamento do tabloide nesta semana, por pressão do governo chinês, o agora presidente Joe Biden não chegou a citar Lai, preso desde o ano passado, mas defendeu o antigo inimigo:

“O Apple Daily, um bastião necessário do jornalismo independente em Hong Kong, encerrou publicação. Jornalistas contam a verdade, cobram a responsabilidade dos líderes e mantêm a informação fluindo livremente. O ato de jornalismo não é um crime.”

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