Siga a folha

Correspondente da Folha na Ásia

Descrição de chapéu toda mídia

Diminui proporção de brasileiros que evitam notícia 'depressiva'

Instituto Reuters levanta que são 41% hoje contra 54% em 2022; no consumo global de informação, TikTok sobe e Facebook cai

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O novo Relatório de Mídia Digital do Instituto Reuters, tradicional estudo de alcance mundial, mostra que no Brasil a proporção dos entrevistados que evitam notícias negativas diminuiu 13 pontos percentuais no último ano, para 41% em 2023.

Na edição anterior, o levantamento havia apontado um recorde de 54% de brasileiros se esquivando de informações "depressivas", sobre temas como Covid, inflação e guerra.

Logotipo da plataforma TikTok em imagem de 2 de junho de 2023 - Reuters/Dado Ruvic

O instituto de jornalismo ligado à Universidade Oxford, que ouviu 93 mil consumidores de notícias ao redor do mundo, destaca que o TikTok é a plataforma com maior crescimento, usada agora por 20% dos jovens entre 18 e 24 anos para se informar.

Já o Facebook está se tornando "menos relevante para notícias", na média dos 46 mercados pesquisados, com 28% dos entrevistados dizendo recorrer à rede social hoje, contra 42% em 2016.

A mudança acontece "especialmente em partes do Sul Global". A queda da plataforma de Mark Zuckerberg como protagonista para notícias, por exemplo, foi relevante no Brasil, onde baixou 12 pontos percentuais nos últimos dois anos, para ficar em 35% agora.

Coordenador do estudo, o jornalista e pesquisador Nic Newman diz que "é impressionante a mudança de natureza na mídia social", de forma geral, não só para informação, com o declínio de redes tradicionais como Facebook e o avanço do TikTok e de outras concentradas em vídeo, inclusive YouTube.

"Apesar dessa crescente fragmentação de canais e da inquietação pública com desinformação e algoritmos, a nossa dependência desses intermediários para informação continua a crescer", avalia ele. Sobretudo nas "gerações mais jovens, que dão mais atenção a influenciadores e celebridades do que a jornalistas".

Em 2018, 32% dos entrevistados diziam se informar diretamente nos sites e aplicativos jornalísticos, contra 23% por mídia social. Em 2023, o quadro é quase oposto, com 22% diretamente e 30% através de redes. Outra ferramenta muito usada é busca, que pouco mudou no levantamento: 24% em 2018, 25% agora.

Um dado sublinhado no estudo é que a aquisição do Twitter por Elon Musk não alterou o alcance da plataforma, mantendo-se em 22%. Mastodon, um suposto concorrente, "nem é registrado na maioria dos mercados e só é usado por 2% nos EUA".

Para o diretor do Instituto Reuters, Rasmus Kleis Nielsen, o relatório "mostra que a indústria de notícias em todo o mundo enfrenta agora uma mudança mais fundamental, impulsionada por gerações que cresceram e dependem quase inteiramente de várias mídias digitais"

CAMPANHAS DE DESINFORMAÇÃO

A divulgação do levantamento deste ano coincidiu com a acusação pela jornalista filipino-americana Maria Ressa, que dividiu o Nobel da Paz de 2021, de que ele "coloca jornalistas e veículos independentes sob risco", segundo o inglês The Guardian.

Ela deixou o conselho consultor do Instituto Reuters em 2022 "por causa de preocupações profundas sobre como é compilado o relatório". Ele havia classificado o Rappler, site do qual Ressa é CEO, como veículo menos confiável numa lista das Filipinas, o que se repete neste ano.

Dela, segundo o jornal: "O relatório, financiado em parte pelo Google, não leva em conta o impacto das campanhas de desinformação, principalmente em países onde governos usam seu poder para atacar a mídia livre. E não reflete o preconceito nas plataformas que têm grande controle sobre a distribuição de notícias".

Prossegue Ressa: "No ano passado, eu renunciei ao conselho porque achei horrível eles irem adiante com [o relatório] e que ele tenha sido usado contra nós, num momento crítico. Funcionários do governo citavam o Instituto Reuters para nos atacar".

Resposta de Nielsen, do instituto: "Lamentamos o abuso contra Maria Ressa e a forma como nossa pesquisa foi deturpada. Reagimos contra isso publicamente e continuaremos a fazê-lo. Acreditamos que a metodologia em nosso relatório, que cobre quase 50 países, é robusta".

O capítulo sobre Filipinas deste ano, citando o Rappler, diz que "alguns meios independentes, respeitados por suas reportagens sobre pessoas de poder, são frequentemente alvo de desconfiança por partidários dos políticos em questão", o que explicaria o resultado.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas