Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Como Lula, imprensa nos EUA tenta questionar sanções

'Vício de Washington ficou fora de controle e está saindo pela culatra', publica Washington Post, citando estudo e Cuba

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Diferentemente da agência americana Associated Press, que só foi citar o assunto no oitavo parágrafo, a chinesa Xinhua destacou a preocupação de Lula na conversa com a presidente da Comissão Europeia: a ameaça de "sanções" no recente adendo europeu ao acordo comercial com o Mercosul.

O relato do telejornal da rede alemã ARD deu ainda menos atenção ao questionamento, concentrando-se nos sorrisos da presidente, que é alemã, e na pressão de empresários pela aceitação do acordo.

Paralelamente, o The New York Times noticiou a carta de líderes dos dois partidos americanos cobrando sanções contra a África do Sul, argumentando que "vai sediar a cúpula Brics em que o governo pretende fortalecer suas relações com China e Rússia".

Em nota, o governo Joe Biden disse "compartilhar as preocupações com os vínculos de segurança" entre sul-africanos e russos, "mas não detalhou como planeja responder", acrescentou o jornal.

Washington Post, com foto do ministro chinês da Defesa, Li Shangfu, diz que governo americano está sancionando 12 mil organizações e indivíduos e 'está saindo pela culatra'
Washington Post, com foto do ministro chinês da Defesa, Li Shangfu, diz que governo americano está sancionando 12 mil organizações e indivíduos e 'está saindo pela culatra' - Reprodução

A Europa vem de abraçar as sanções extraterritoriais, mas os EUA começam a questioná-las, em parte do governo ao menos. Um dos principais colunistas do The Washington Post, Max Boot, deu voz à reação mostrando que, já com sanções econômicas contra 12 mil organizações e indivíduos, "está saindo pela culatra".

Cita aquelas contra o hoje ministro chinês da Defesa, Li Shangfu, que inviabilizaram o diálogo militar com Pequim, para alertar que "é só o exemplo mais recente de como o vício de Washington em sanções ficou fora de controle —e está prejudicando os EUA".

Dá números: "Um estudo do Instituto Peterson concluiu que as sanções unilaterais dos EUA entre 1970 e 1997 atingiram seus objetivos em apenas 13% dos casos, custando à economia americana US$ 15 bilhões a US$ 19 bilhões anualmente".

Afirmando que "a história está cheia de exemplos de sanções terrivelmente ineficazes", destaca o embargo de Cuba pelo governo John Kennedy. "Documentos tornados públicos mostram que a intenção era 'provocar fome, desespero e a derrubada do governo'." Sem sucesso após "mais de meio século", sublinha.

Boot encerra dizendo que "Biden precisa repensar a política de sanções após décadas de crescimento exponencial". Para "dar início a uma abordagem mais racional", sugere suspender as sanções a Li, "para permitir comunicação com as maiores forças armadas do mundo".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.