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Filósofo, mestre em Educação, doutor em Ciências Sociais, coach executivo e consultor em storytelling.

Descrição de chapéu saúde mental

Lideranças obscuras e organizações mortas

Gerar conversas autênticas onde tudo pode ser dito é uma das mudanças que se pode gerar em ambientes de trabalho

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As lideranças vivenciam o estresse no cotidiano. Às pressões pelos resultados e a velocidade da vida diária são só algumas das variáveis que geram constrangimento e muitas vezes acabam em afastamento por saúde mental. Motivos para viver loucos lhes sobram.

Agora bem, existem muitas lideranças desastrosas. E uma liderança ruim gera ondas imensas que consternam e intoxicam tudo. As lideranças perigosas são especialistas em dividir as pessoas e gerar fofocas em cada canto. Fazem disso uma estratégia diária. Separam entre amigos e inimigos. Polarizam até a destruição. Tiram o oxigênio, acabando com a vida.

Liderança ruim gera ondas que consternam e intoxicam ambientes de trabalho - Catarina Pignato

Esse inferno tem sido muito bem descrito pelo sagaz professor argentino Andrés Hatum em muitos de seus livros, dos quais o mais recente é "Desativar a Bomba: uma história de líderes perigosos" (só disponível em castelhano). Naquele pântano desolado, as pessoas com alta integridade moral são as mais prejudicadas por essas dinâmicas de relacionamento. Nem sempre têm anticorpos para esse vírus. Por falta de músculo (ou por serem honestas e respeitosas), têm cãibras e ficam fora daquele viciado jogo.

Esse solo é perigoso para eles. Dizer verdades em habitações onde todos simulam ou mentem não sempre é algo heróico, pode ser um suicídio. É uma grande mentira de Hollywood que uma pessoa muda tudo com um sorriso de honestidade: o sistema é resiliente e astucioso, procura as fendas para fugir. Assim, subsiste.

Se fala muito nas organizações sobre gerar espaços seguros para manter conversas psicológicas maduras. Infelizmente, em algumas organizações tem muito blá-blá-blá por trás desses discursos do "management". As boas intenções ficam no papel e nos discursos, porém não na realidade.

Esse duplo padrão rompe os psiquismos dos empregados, pois não sabem qual é a verdade e qual a ficção.

Nesses ambientes notadamente contaminados ninguém está atento para identificar sinais de exaustão nas equipes, você pode estar morrendo e o pessoal de Recursos Humanos nem notará a sua ausência. O silêncio cúmplice de algumas áreas é a antessala da morte.

Nessas organizações obscuras, a cultura macabra daquele sistema é resistente às mudanças e surdo frente a dor. Empatia, você fala? O que é isso? Ninguém conhece. Cada passo é uma possível armadilha. Não é um gramado para amadores.

O sofrimento está internalizado como parte da combustão lógica dessa máquina social suja. Ninguém fica de olho nas pessoas que ontem riam, mas agora não riem mais. O feedback é um fake compartilhado para simular que alguém ainda se importa.

Gerar conversas autênticas onde tudo pode ser dito é uma das mudanças significativas que se pode gerar nessas atmosferas sombrias. Mas para isso é preciso coragem, inteligência e regras consensuadas.

Como fala o professor Hatum, mesmo quando não seja simples, é necessário desativar essas bombas. De outra forma, explodir é a única alternativa.

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