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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Grupo de WhatsApp da direção do PT tem bate-boca e acusação de transfobia

Motivo foi debate sobre possível apoio da sigla a Duda Salabert, do PDT, em 2024

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Brasília e São Paulo

Parlamentares e dirigentes do PT se envolveram em uma discussão acalorada no grupo de WhatsApp do diretório nacional da sigla. Vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá chegou a ser acusado de defender uma posição transfóbica. Ele negou e reclamou da adjetivação.

A discussão se deu na quarta-feira (5), quando Quaquá compartilhou uma reportagem da rádio Itatiaia que falava de reunião entre a deputada federal Duda Salabert (PDT) e Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Alas dos partidos discutem a possibilidade de que o PT apoie a pedetista na disputa à Prefeitura de Belo Horizonte em 2024.

Quaquá, então, escreveu: "precisamos rediscutir nossa tática pra ganhar o eleitor da periferia. Tirar eleitorado lulista mas conservador nos costumes para voltar pro lulismo. E precisamos discutir seriamente isso. Essa coisa por exemplo de Duda Salabert numa das capitais mais importantes do país precisa ser bem discutida, porque tem efeito nacional".

Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT, durante o festival Utopia - Ricardo Borges-22.jun.2016/Folhapress

O deputado federal Odair Cunha (PT-MG) respondeu que acha que o PT deve lançar candidato em Belo Horizonte. "Já estamos articulando isso. Essa história de Duda vai fazer com que o PT desapareça na capital".

Cunha diz ao Painel que seu argumento não tem relação com a deputada em si, mas com a defesa de que o PT tenha um nome próprio, já que é uma eleição de dois turnos e esse apoio a Duda, em caso de derrota da legenda, ainda seria possível. Ele aponta o também deputado federal Rogerio Correia (PT-MG) como preferido para a candidatura.

Janaína Oliveira, secretária nacional LGBT do PT, criticou o texto de Quaquá no grupo e disse faltar a ele esforço em compreender o impacto de suas falas.

"Em vez de estarmos focados em mudar pensamentos conservadores, você sugere que o PT se adapte e priorize esse ponto. Buscamos lutar contra as opressões e não nos somar a elas. A deputada Duda não é qualquer pessoa, a última votação dela diz muito sobre isso", disse.

"Quando um vice-presidente do PT tem na linha de sua fala o foco transfóbico escondido em um discurso eleitoral para mim isso, sim, é que se trata de algo grave", completou. Duda é a primeira deputada federal trans de Minas Gerais.

Print de mensagem em discussão no grupo de WhatsApp do diretório nacional do PT - Reprodução

Janaína ainda escreveu que "representatividade fez muita diferença nas últimas eleições, em especial para a campanha do Lula e para a esquerda brasileira" e se queixa da "agressividade constante" de Quaquá.

"Essas suas táticas com esses teus adjetivos que homens brancos adoram apontar em mulheres negras não têm vez comigo", concluiu.

Quaquá retrucou e disse que a agressividade era de Janaina, "acusando quem diverge de transfobia", que tem avó negra e é descendente de escravos e não aceita "adjetivação despolitizada e autoritária".

O petista diz ao Painel que mantém o que escreveu no grupo e que "pauta identitária não pode ser pauta prioritária".

"Eu acho uma péssima candidatura para nós [a de Duda]. Temos muitos nomes em BH que dialogam com nossa base eleitoral, com nossa história e com nosso compromisso com o povo. Defendo o direito de todos fazerem a opção ou a identidade sexual que desejarem ou que tiverem. Mas esse não é meu debate político prioritário, e nem deve ser do PT e nem da esquerda", afirma.

Janaína afirma à coluna que "os temas que permeiam os direitos humanos são prioritários" para a atuação político-partidária e que fazem parte da história do PT "no enfrentamento a todas as formas de opressão, o que inclui o pioneirismo e a atuação da Secretaria Nacional LGBTI+".

Ela diz que a definição sobre candidaturas e estratégias eleitorais se dá nas instâncias apropriadas do partido e que "qualquer debate que afronte a orientação sexual e identidade de gênero ou que desqualifique individual ou coletivamente segmentos vulneráveis da sociedade contará com nossa manifestação".

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