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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Multinacional só vai pedir investimento a matriz após reforma, diz presidente da Mercedes

Para Philipp Schiemer, que também lidera a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, demora da Previdência preocupa

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São Paulo

​Philipp Schiemer, 54, presidente da AHK (Câmara de Comércio Brasil-Alemanha), disse que a demora na aprovação da reforma da Previdência tem trazido preocupação nos empresários. 

O executivo, que também é presidente da Mercedes-Benz no Brasil, disse que não tem como ir à matriz, na Alemanha, pedir aprovação de investimentos, se o governo não dá sinais de que a economia do país vai melhorar.

Philipp Schiemer, presidente da da AHK (Câmara de comércio alemã) - Karime Xavier/Folhapress

"Eu vou [pedir à matriz] quando tiver aprovado a reforma da Previdência, porque eu sei, então, que no ano que vem o Brasil, tenho certeza, vai crescer. Essa demora tem um efeito no andamento dos negócios."

Há mais de 15 anos de experiência no Brasil, ele assumiu a presidência da entidade que reúne as companhias alemãs em março deste ano. 

"As empresas são chamadas de multinacionais, mas elas podem ser consideradas mais nacionais que muitas empresas brasileiras por tanto tempo em que elas estão aqui. Logicamente, essas empresas querem ver o Brasil crescer."

No começo de maio, a Eurocâmaras (Associação das câmaras europeias no Brasil), entidade da qual Schiemer também é presidente, apresentou um manifesto em apoio à reforma da Previdência.

Qual era a intenção do manifesto?

As empresas que fazem parte da Câmara estão no Brasil há muitos anos. Elas são chamadas de multinacionais, mas podem ser consideradas mais nacionais que muitas empresas brasileiras por tanto tempo em que elas estão aqui. Logicamente, essas empresas querem ver o Brasil crescer.

Essas companhias, assim como o país, passaram por muitas dificuldades nos últimos anos. A estagnação em que o Brasil se encontra (eu diria desde 2014) causa preocupação para o futuro.

Analisando a situação, sabemos que só por meio das reformas o Brasil vai retomar o caminho do crescimento. E estamos muito preocupados com a demora da aprovação. A cada semana que demora, a situação piora mais. Então queremos nos pronunciar e mostrar que somos favoráveis às reformas. 

Não posso falar tecnicamente, mas o tamanho da economia nos parece muito relevante para retomar a credibilidade.

As empresas têm demonstrado incômodo e preocupação com esse atraso?

Sem dúvida, essa demora preocupa. Em termos de longo prazo é importante que ela passe, seja hoje ou daqui a dois meses. Agora, se pensar na microeconomia, para as empresas faz uma diferença. Porque o empresário que quer investir espera por essa decisão.

Talvez pensava em investir no primeiro semestre e agora jogou para o segundo semestre, e pode jogar mais para frente, e isso preocupa muito. Temos 13 milhões de desempregados e capacidade ociosa em todos os setores. 

A não aprovação dá uma falta de previsibilidade e, com isso, é muito difícil aprovar novos projetos para o Brasil. Como eu vou hoje para a minha matriz pedir aprovação de um projeto, se eu não posso dizer como vai estar a situação no país?

Eu vou [pedir à matriz] quando tiver aprovado a reforma da Previdência, porque eu sei, então, que no ano que vem o Brasil, tenho certeza, vai crescer. Essa demora tem um efeito no andamento dos negócios.

Já há sinais de empresas com projetos esperando a aprovação da reforma?

Isso se vê em vários sentidos. Mas não quer dizer que no dia seguinte da reforma, nós vamos ter 50 projetos anunciados. Não vai ser assim. Mas a confiança vai voltar, e projetos que estão esperando vão ser discutidos. Vamos ver relativamente rápido um sentimento de aumento da confiança.

Sem a reforma, mesmo se houver um sentimento de aumento da demanda, eles [os empresários] não vão empregar mais. Eles vão esperar. Vão preferir pagar horas extra, reduzir estoque. Porque não sabem se a demanda de hoje vai continuar daqui a seis meses.

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