Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Assédio sexual leva a demissão de 48 funcionários por gigante da mineração australiana

BHP relatou os casos em inquérito parlamentar aberto no país

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São Paulo

A gigante da mineração anglo-australiana BHP anunciou nesta semana a demissão de 48 funcionários por cometerem assédio sexual em suas minas da Austrália desde julho 2019.

Os casos foram relatados em inquérito parlamentar que corre no país. As mineradoras australianas estão enfrentando forte escrutínio sobre a forma como tratam as mulheres nos locais de trabalho.

A BHP informou que 73 casos de assédio sexual foram reportados no período. As denúncias incluem desde alegações de penetração não consensual a comentários e piadas inapropriadas, envio indesejado de mensagens de textos, assobios e contato físico sem consenso em partes do corpo como braços, pernas e ombros.

No documento, a empresa diz que lamenta profundamente a situação e pede desculpas às vítimas. Também diz que está encorajando os funcionários a relatarem outros incidentes e que investiu 300 milhões de dólares australianos desde 2019 para tornar as instalações mais seguras.

No Brasil, a BHP é uma das controladoras da Samarco, que teve forte impacto de imagem por causa do desastre do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.

Após cinco anos do rompimento da barragem do Fundão, de responsabilidade da Samarco, o distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana (MG), está em ruinas.. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

A entrega de novas casas para famílias atingidas foi prometida para o 2º semestre de 2020, o que não se cumpriu. Não há previsão de prazo para conclusão do reassentamento do Novo Bento. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

A Samarco é controlada pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton e pela Vale, dona de outra barragem rompida na mesma região em 2019, na cidade de Brumadinho (MG). Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

O rompimento da barragem do Fundão, em 5 de novembro de 2015, foi a maior tragédia ambiental da história do país. O estouro provocou um 'tsunami' de lama que destruiu a cidade e contaminou o rio Doce . Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Ao longo dos 650 km por onde passou, do interior de Minas ao litoral do Espírito Santo, a lama matou 19 pessoas, interrompeu o abastecimento de água, devastou as margens de rios e arrasou vilas e fazendas. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Segundo o Ibama, esse foi o maior vazamento de rejeitos minerais do mundo: cerca de 40 bilhões de litros. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

O rompimento ocorreu por problemas de monitoramento e drenagem. Foi feito um recuo para canteiro de obras, o que era desaconselhado pela fiscalização. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

A lama que estava abaixo desse recuo foi 'espremida' pela obra, o que causou a ruptura da barragem . Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Em outubro de 2016, o Ministério Público Federal denunciou 22 pessoas, a Samarco, a Vale, a BHP e a VogBr . Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Em 2018, dois executivos da Samarco e mais 19 pessoas ligadas à mineradora se tornaram réus acusados de homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar). Mas a justiça voltou atrás na acusação de homicídio, que passou para inundação com resultado morte. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Março de 2019 era a data limite para o reassentamento das famílias afetadas, mas a justiça adiou o prazo para agosto de 2020. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Além das 19 vítimas fatais, o rompimento destruiu comunidades inteiras, tirando de muitas famílias seus meios de subsistência. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Em outubro, o Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas (Copam) concedeu à Samarco a última licença necessária para formalizar o retorno de suas atividades minerárias em Mariana. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Cerca de 211 famílias do distrito de Bento Rodrigues, destruído pela passagem da lama, aguardam o reassentamento. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Em Paracatu, 97 famílias fazem parte do reassentamento coletivo. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Em outubro de 2020, procuradores acusaram a Vale e a BHP de conluio para reduzir indenização às vítimas do desastre de Mariana. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Também em outubro, o Ministério Público Federal pediu o retorno de uma Ação Civil Pública, que pode condenar as mineradoras ao pagamento de R$ 155 bilhões. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Cinco anos após a tragédia, os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, da cidade de Mariana (MG), continuam em ruínas. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Ruínas deixadas pela passagem de cerca de 40 bilhões de litros de lama que escorreram da barragem do Fundão, em Bento Rodrigues . Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

As reivindicações de danos morais foram limitadas a R$ 10 mil; os procuradores afirmam que o juiz decidiu o caso sob sigilo, sem a devida participação do MPF. Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

Procuradores também denunciaram que as mineradoras estão pressionando moradores, em tentativa de adiar as reparações devidas . Folhapress/Adriano Vizoni - 21.out.2020

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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