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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Com crise dos yanomami, mineradora diz que cresceu demanda de joalherias

Empresa afirma que aumentou a busca por segurança na compra de ouro

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São Paulo

Depois da exposição da crise dos yanomami, atingidos pelo garimpo ilegal, a gigante da mineração AngloGold Ashanti diz que foi procurada por joalheiras interessadas em comprar o ouro diretamente da mineradora. Hoje, a empresa tem contrato apenas com a Vivara, desde 2019, para vender ouro diretamente, mas o número pode aumentar.

Segundo a companhia, o varejo de joias vem buscado elevar a compra de ouro de mineradoras que tenham a cadeia de extração toda certificada por órgãos de fiscalização, considerada mais segura.

O IBGM (instituto de gemas e metais preciosos, que reúne marcas como Vivara e HStern) também diz ter verificado o movimento. Segundo a presidente do instituto, Carla Pinheiro, as negociações ainda são iniciais e esbarram em questões como tributação, logística de distribuição e volume mínimo de compra.

Atualmente, as joalherias compram o ouro de DTVMs (distribuidoras de títulos e valores mobiliários). Apesar de contarem com certificações, o processo de emissão de notas e rastreabilidade do ouro ainda é considerado precário.

O IBGM diz que vai buscar, junto ao governo federal, uma forma de rediscutir a tributação em operações com ouro e tornar o negócio com joalherias mais atrativo para as mineradoras. Segundo Pinheiro, o alto valor do quilo do ouro é outro problema, já que as pequenas marcas têm dificuldade em desembolsar cerca de R$ 320 mil em um quilo do metal, o que estimula a compra em quantidades inferiores fora das mineradoras.

Ainda é muito baixa a demanda das empresas de joias no Brasil, menor do que 10% da extração das mineradoras, segundo o IBGM. A maior parte é exportada

Segundo Pinheiro, as joalherias não estavam cientes do problema e se assustaram com a explosão do garimpo ilegal em terras yanomami. Ela afirma que a descoberta do chamado ouro "legalizado" —manobra de algumas DTVMs para limpar o material extraído de forma ilegal— acendeu o alerta nas empresas.

"O setor compra da DTVM, onde se presume que o ouro tenha origem legal. Agora, descobrimos que existe o 'ouro legalizado' e pedimos que ele seja totalmente legal. Começamos a exigir dessas DTVMs transparência, regulação e protocolos a serem seguidos", disse a presidente do IBGM.

Segundo Lauro Amorim, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da AngloGold, a mineradora está empenhada na proposta do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) de avançar com o controle de origem do ouro extraído no país. A ideia da organização é aumentar a rastreabilidade do ouro, o que pode ajudar no combate ao garimpo ilegal.

Na AngloGold, a operação é feita em Goiás e Minas Gerais com pesquisa, licenciamento, extração e preservação da área, segundo a empresa.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

Processo de fundição de uma barra de ouro em uma loja especializada, no município de Itaituba (PA) - Pedro Ladeira - 04.set.2022/Folhapress

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