Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Empresas surfam em êxodo de médicos brasileiros
Consultorias especializadas em emigração oferecem até treinamento para residência hospitalar nos EUA
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A fuga de médicos brasileiros para os EUA é tão grande que já fez surgir no mercado até empresas de consultoria para ajudar na emigração.
A RD Medicine é uma delas. A empresa se apresenta como uma escola para a internacionalização do médico brasileiro.
A consultoria oferece curso de inglês médico, preparatório para a prova de residência, mentoria para questões burocráticas e orientação para estágios e pesquisas.
Tudo isso para que o cliente consiga o que a empresa chama de "match" –a aprovação do aluno.
Em 2023, foram dez matches, e a expectativa da RD Medicine é que esse número triplique no ano que vem.
A empresa afirma que possui alunos aplicando para estágios e pesquisa todos os meses do ano.
Já para a residência médica, há um grupo que passa pela temporada de entrevistas em setembro e recebe o resultado em março do ano seguinte.
A expectativa da empresa é que o negócio cresça nos próximos anos, porque há uma tendência de falta de médicos nos EUA.
"A carência de médicos nos EUA é enorme. Estima-se uma carência de 160 mil médicos no país em 2030", diz Rafael Duarte, CEO da RD Medicine. "Isso tem levado alguns estados americanos a exigir apenas as provas de revalidação, sem exigir refazer a residência."
A empresa deve fechar este ano com um faturamento de R$ 6 milhões, número que deve subir para R$ 10 milhões no próximo ano.
Isso tudo ocorre enquanto o governo Lula tenta turbinar o Mais Médicos, atraindo profissionais estrangeiros.
O programa federal, que atualmente conta com 18,5 mil médicos, teve recorde de inscritos. O Paraguai é o país com maior número de médicos formados que atuarão no Mais Médicos.
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