Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Distribuidoras afirmam que energia solar encarece conta de luz
OUTRO LADO: Absolar diz há redução de R$ 81 bilhões na contas de luz, porque cálculos das distribuidoras não consideram benefício da energia inserida no sistema elétrico
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Os sistemas de geração de energia por painéis solares alcançaram 16,3% da matriz elétrica no início deste ano, mas, segundo as distribuidoras, quem paga a conta dessa expansão é o consumidor que não tem dinheiro para instalar placas fotovoltaicas nos telhados.
Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), desde 2012, a fonte solar já atraiu mais de R$ 179,5 bilhões em investimentos e gerou R$ 50,3 bilhões em tributos para os cofres públicos.
Apesar de estar consolidado, o setor conseguiu garantir subsídios, que serão reduzidos paulatinamente até 2028. Esses incentivos, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), somam R$ 81 bilhões somente na geração distribuída.
As distribuidoras, no entanto, reclamam que, para os consumidores que não migram para os painéis solares e continuam usando os fios elétricos, a conta aumenta.
Isso porque os custos para se manter o sistema elétrico nacional são os mesmos, porém, com menos pagantes.
Debandada
Cálculos das principais distribuidoras indicam que, neste ano, os domicílios com painéis solares pagarão a elas R$ 70 por MWH (megawatt-hora) —valor referente à conexão das residências (ou empresas) ao sistema para que a energia gerada possa ser inserida (abatendo a conta no fim do mês, caso haja mais geração que consumo).
Enquanto isso, os demais consumidores, ainda segundo os cálculos, serão onerados em R$ 480 por MWH.
Ainda segundo as projeções das distribuidoras, em 2028, essa proporção será de R$ 235 por MWH para usuários da fonte solar, ante R$ 490 por MWh para os demais consumidores.
Outro lado
A Absolar contesta e diz que as distribuidoras consideram somente custos e não os benefícios da geração distribuída.
A entidade contratou uma consultoria, que afirma haver um saldo líquido entre custo e benefício que, ao final, gera uma redução na conta de luz dos brasileiros em cerca de R$ 85 bilhões até 2031.
Em vez de um aumento de custo de R$ 480 por MWh, como apontam as distribuidoras, haveria uma redução de R$ 403,90 por MWh, em uma tarifa média residencial de R$ 729 por MWh.
Isso porque, segundo a entidade, ao gerar energia no sistema, os geradores distribuídos compensariam a produção de energia por fontes mais caras, como térmicas e nucleares. Também haveria redução de investimentos em linhas de transmissão.
A legislação delegou à Aneel a tarefa de fazer as contas para saber quem, afinal, tem razão. Esse trabalho deveria ter sido entregue há um ano, mas ainda está em curso.
Com Diego Felix
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