Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

‘Somos sapos na panela, mas as empresas morrerão antes de nós se não mudarem’, diz Patrícia Ellen

Ex-secretária do governo de São Paulo diz que o aquecimento é uma realidade e que corporações inimigas do verde serão extintas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Patrícia Ellen comanda hoje a Aya Earth Partners, grupo que ajuda empresas e governos a migrar para um modelo de produção de baixo carbono. Ela defende que a melhor forma de dobrar o crescimento do PIB é atrair o setor privado com projetos voltados à bioeconomia. Só assim será possível capturar parte dos US$ 400 bilhões disponíveis no mundo.

Patrícia Ellen, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e fundadora da Aya Earth Partners
Patrícia Ellen, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e fundadora da Aya Earth Partners - Karime Xavier - 18.dez.2019/Folhapress

Boa parte das empresas se diz amiga do verde por marketing. Qual o futuro para elas?
Somos sapos cozinhando na panela [por causa do aquecimento]. Essas empresas têm de entender que desaparecerão se não mudarem o ‘software’. E morrerão antes de nós. Alguns negócios sumirão em até dez anos. Outros, em 30 anos.

Quem será extinto primeiro?
As corporações de combustíveis fósseis e, indiretamente, os negócios a eles relacionados. Os transportes precisam de uma revolução. A produção de alguns materiais, como cimento e aço, também.

Isso é um problema ou uma oportunidade?
A média de crescimento do PIB brasileiro é 2,5% ao ano. Temos a chance de dobrar essa média. O que é problema para outras economias é uma oportunidade para nós: transição energética, bioeconomia, agricultura sustentável e produção alimentar.
O Brasil precisa produzir e exportar carbono em escala, atrair indústrias de produtos de valor agregado com energia limpa, mostrar que somos a maior referência dessa economia da floresta.
A Aya prevê algo entre US$ 250 bilhões e US$ 400 bilhões por ano a mais na economia a partir de 2030.

Dá para competir com EUA e Europa, que despejam trilhões nessa transição?
É muito difícil concorrer com esse nível de incentivo. Uma startup de biotecnologia vai se registrar nos EUA, que oferecem subsídio e crédito a juro zero. Esses pacotes [EUA, Europa e China] são protecionistas. Na COP28, Joe Biden [presidente dos EUA] e Lula assinaram um acordo [dentro do programa de incentivo dos EUA]. É um momento de negociação, para que nossa vantagem produtiva se transforme em vantagem competitiva.

Estamos no caminho certo?
Sou otimista. O governo entregou a reforma tributária, a redução do desmatamento na Amazônia, a revisão das NDC [normas de redução de emissões de carbono]. Deveríamos acelerar essas metas, integrar as políticas e não dar sinais errados, como a possível adesão à Opep [bloco dos produtores de petróleo].


Raio-X | Patrícia Ellen

Formação: Administração pela FEA-USP
Carreira: Atuou por 18 anos na McKinsey. Integrou o Conselhão da Presidência da República (2016-2018) e foi CEO da Optum até 2019, quando assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo. Em 2022, fundou a Aya.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.