Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.
Ocupar para existir e resistir
Numa sociedade machista, é preciso promover o acesso das mulheres ao poder
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Em homenagem ao mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, cedo hoje meu espaço para Nega Gizza
Quero usar este espaço para falar de "ocupação", do lugar onde a mulher tem estado e aonde ela quer chegar.
Seja no profissional, na política, nas empresas públicas e privadas e no mundo virtual, as mulheres têm se feito presente, não com a proporção devida, mas valorizamos esse avanço, pois é parte de uma estratégia de progresso que as mulheres da Cufa incentivam há anos.
Nossas lideranças dentro das favelas, que são 47% femininas, segundo pesquisa do Instituto Data Favela, atuam justamente para tirá-las da subjugação da sociedade machista. Mas estamos também aqui como um grupo ativista, fazendo incidência política no estado para corrigir desigualdades e pautar uma agenda política que favoreça a equidade de gênero.
É incontestável a participação das mulheres nas instâncias de organização política da sociedade. Construímos organizações e movimentos sociais, fazemos a luta sindical e potencializamos a luta nos partidos políticos, entretanto essa expressiva participação política não se converte em presença nos espaços de poder.
Numa sociedade machista, dominada pela lógica heteropatriarcal, só é possível enfrentar as desigualdades de gênero criando políticas que promovam o acesso das mulheres aos postos de poder, já que a maioria das regras institucionais relativas a essa questão foi criada por homens.
Constatamos que limitar essas estratégias à reserva de cotas para disputas nos pleitos eleitorais não responde ao desafio de garantia da igualdade de gênero, que, segundo a ONU Mulheres, é condição fundamental para um regime democrático, justo e inclusivo.
Considerando a diversidade das mulheres brasileiras, é preciso reconhecer que as negras e indígenas estão ainda mais sub-representadas, fato relacionado às desigualdades históricas, ao pouco investimento para que as mulheres tenham oportunidade de desenvolver seus potenciais de liderança e às dificuldades de conciliar as tarefas da vida doméstica, em nosso contexto relegado quase exclusivamente às mulheres e que exercem um peso ainda maior para as mães solos de territórios periféricos. Soma-se a isso a batalha diária pela sobrevivência.
Para 2022, programamos o Encontro Internacional de Mulheres da Cufa, que vai proporcionar novos saberes e experiências através de palestras, treinamentos e workshop com outras referências femininas.
A voz ativa das mulheres na tomada de decisões é fundamental para que possamos avançar na definição de políticas públicas de redução da exclusão.
Nega Gizza é rapper, ativista social, uma das fundadoras da Cufa e do movimento de mulheres da instituição
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters