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Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

Ocupar para existir e resistir

Numa sociedade machista, é preciso promover o acesso das mulheres ao poder

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Em homenagem ao mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, cedo hoje meu espaço para Nega Gizza


Quero usar este espaço para falar de "ocupação", do lugar onde a mulher tem estado e aonde ela quer chegar.

Seja no profissional, na política, nas empresas públicas e privadas e no mundo virtual, as mulheres têm se feito presente, não com a proporção devida, mas valorizamos esse avanço, pois é parte de uma estratégia de progresso que as mulheres da Cufa incentivam há anos.

Nossas lideranças dentro das favelas, que são 47% femininas, segundo pesquisa do Instituto Data Favela, atuam justamente para tirá-las da subjugação da sociedade machista. Mas estamos também aqui como um grupo ativista, fazendo incidência política no estado para corrigir desigualdades e pautar uma agenda política que favoreça a equidade de gênero.

É incontestável a participação das mulheres nas instâncias de organização política da sociedade. Construímos organizações e movimentos sociais, fazemos a luta sindical e potencializamos a luta nos partidos políticos, entretanto essa expressiva participação política não se converte em presença nos espaços de poder.

Coletivos feministas com faixas e cartazes no Dia Internacional da Mulher em Campinas - Leandro Ferreira/Fotoarena/Folhapress

Numa sociedade machista, dominada pela lógica heteropatriarcal, só é possível enfrentar as desigualdades de gênero criando políticas que promovam o acesso das mulheres aos postos de poder, já que a maioria das regras institucionais relativas a essa questão foi criada por homens.

Constatamos que limitar essas estratégias à reserva de cotas para disputas nos pleitos eleitorais não responde ao desafio de garantia da igualdade de gênero, que, segundo a ONU Mulheres, é condição fundamental para um regime democrático, justo e inclusivo.

Considerando a diversidade das mulheres brasileiras, é preciso reconhecer que as negras e indígenas estão ainda mais sub-representadas, fato relacionado às desigualdades históricas, ao pouco investimento para que as mulheres tenham oportunidade de desenvolver seus potenciais de liderança e às dificuldades de conciliar as tarefas da vida doméstica, em nosso contexto relegado quase exclusivamente às mulheres e que exercem um peso ainda maior para as mães solos de territórios periféricos. Soma-se a isso a batalha diária pela sobrevivência.

Para 2022, programamos o Encontro Internacional de Mulheres da Cufa, que vai proporcionar novos saberes e experiências através de palestras, treinamentos e workshop com outras referências femininas.
A voz ativa das mulheres na tomada de decisões é fundamental para que possamos avançar na definição de políticas públicas de redução da exclusão.

Nega Gizza é rapper, ativista social, uma das fundadoras da Cufa e do movimento de mulheres da instituição

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