Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.
Por uma economia inclusiva
Pandemia afeta a todos, mas populações de favelas sofrem mais
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Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que se celebra neste mês, cedo hoje meu espaço a Alzira Nogueira
Os desafios trazidos pelas crises econômica e sanitária decorrentes da pandemia são imensos, mas, com o aumento da cobertura vacinal e a gradual retomada da normalidade, somos chamadas a desenvolver estratégias de inclusão econômica para o povo da favela —o que mais sofre na pandemia. É inegável que ela afeta a todos, mas as populações que vivem nas favelas e territórios com acessos precários aos serviços públicos sofreram implicações mais graves.
Um olhar panorâmico sobre a sociedade brasileira vai revelar a dimensão das desigualdades expostas com a pandemia.
Mais de 14 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil, número que supera a população da Bahia, por exemplo. O que fazer com todo esse contingente? Vale dizer que nesses territórios a luta pela sobrevivência faz emergirem estratégias individuais e coletivas de convivência.
As mulheres da Cufa têm se dedicado a pensar instrumentos que possibilitem reinventar relações, compreender as dinâmicas econômicas presentes nas periferias e promover a conexão entre os atores econômicos em atuação nas favelas e fora dela. Nesse percurso, temos como tarefas mobilizar e fortalecer as mulheres das favelas para consolidar uma agenda pública de inclusão econômica criativa e solidária. Aliado a isso, fazemos o chamado às organizações sociais, aos setores empresariais e, sobretudo, ao Estado brasileiro para juntos desencadearem uma agenda política de promoção da inclusão econômica das mulheres e da juventude de favelas.
Para além dos negócios tradicionais, as favelas despontam como espaços de emergência de negócios no campo da economia criativa; a favela pulsa em criatividade e invenção que garante a sobrevivência. É justamente aí que presenciamos surgir negócios no campo das artes, tecnologia e no audiovisual, que disputam mercados nunca antes imaginados.
É impossível pensar o crescimento econômico sem políticas estruturais efetivas no processo de redução da pobreza e das desigualdades. Isso implica romper com as práticas discriminatórias que inviabilizam a inclusão e pensar caminhos que geram oportunidades de desenvolvimento a essa população.
É urgente a união de setores comprometidos com essa revolução para pensar um modelo econômico inclusivo, criativo, solidário, que tenha no centro a promoção da vida com dignidade. Como diz Celso Athayde, fundador da Cufa: "Ou se divide com a favela toda a riqueza produzida por ela ou vamos continuar dividindo as consequências da miséria que a elite produziu até aqui".
Alzira Nogueira é coordenadora do Núcleo Afro do Mulheres da Cufa
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