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Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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Estigmatização da menstruação prejudica até a escolaridade

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As pessoas que menstruam são constantemente lembradas dos tabus associados à menstruação. Meninas desde sua menarca, que é a primeira menstruação, são levadas a sentir insegurança, medo e vergonha de menstruar. São condicionadas a esconder a todo custo seu período menstrual, ligado a sujeira e impureza, e meninos são ensinados que esse é um assunto proibido.

A estigmatização da menstruação na sociedade ignora que esse é um processo cíclico, natural e esperado. Não há nada de anormal ou sujo em menstruar, mas a perpetuação dos mitos corrobora o aumento de discriminação que afeta a vida de tantas meninas, mulheres, pessoas trans e não binárias que menstruam.

O silêncio sobre o assunto leva ao apagamento no âmbito público, acarretando desinformação, escassez de dados e de políticas públicas. Não há dados direcionados para mapear a pobreza menstrual, fenômeno caracterizado pela falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual, infraestrutura, serviços e informações sobre o funcionamento do próprio corpo.

Há pessoas que precisam recorrer a materiais impróprios para absorver a menstruação, como jornais ou miolo de pão, o que as coloca em risco fisiológico e infecções. No caso de meninas e adolescentes em idade escolar, a pobreza e o estigma da menstruação podem levar a absenteísmo e efeitos negativos à saúde mental, afetando sua escolarização.

Embalagem com bioabsorventes entregues em unidades prisionais - Divulgação/Absorvidas

Mais de 4 milhões de meninas frequentam escolas com privação de ao menos um item mínimo de higiene, como banheiros, papel higiênico e sabonete para as mãos. Apesar da escassez de dados oficiais, pesquisas apontam a menstruação como uma das principais causas das faltas das meninas à escola, com prejuízos à aprendizagem.

As alunas Laura Drebes e Camily Pereira com a professora Flávia Twardowski no laboratório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul; elas foram laureadas com prêmio em Estocolmo, na Suécia, por absorvente sustentável - Divulgação/UFRGS

Entre os esforços para mitigar os efeitos desse problema foi criado o Programa Dignidade Menstrual, que neste Dia Internacional da Mulher completa um ano. O programa, multiministerial, começou neste ano a distribuir gratuitamente absorventes para a população elegível. O foco são pessoas de baixa renda registradas no Cadastro Único e matriculadas na rede pública de ensino, que estejam no sistema penal ou em situação de rua. O programa também prevê estratégias de qualificação de agentes públicos e educação da população sobre a menarca, prevenção de infecções e combate aos estigmas.

Começar a tratar a menstruação como um processo natural é um passo necessário para garantir que todas as pessoas tenham acesso a recursos básicos como absorventes. Direitos fundamentais como acesso à educação, saúde e equidade de gênero não serão completos sem a garantia à dignidade menstrual.

Imagem do Programa Dignidade Menstrual, no site do Ministério da Saúde - Reprodução

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