Siga a folha

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

Descrição de chapéu Todas Fies Enem

Desigualdades na educação do país vão muito além das naturais

Os avanços não chegam a todos da mesma forma

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Há alguns estereótipos de alunos que, frequentemente, se repetem em salas de aula. É comum ter aquela aluna ou aluno muito dedicado, brincalhão, tímido, popular da escola, o grupinho de meninas que andam juntas, ou a turma do fundão. Os perfis são diversos.

Apesar das personalidades que vão se formando ao longo da infância e da adolescência, as aptidões, interesses e resultados alcançados pelos estudantes não estão, necessariamente, associados ao estereótipo. O garoto comunicativo pode ter um ótimo desempenho em matemática. Ou a menina mais estudiosa que nunca se dá bem nas provas de química. As diferenças existirão, até em casos em que todos tenham os mesmos recursos.

Diferenças de esforço e habilidades entre estudantes são naturais com a diversidade. Infelizmente, as diferenças que observamos na educação do país vão muito além das naturais.

Os dados educacionais apresentam marcadas desigualdades entre estudantes brasileiros. Apesar de incontestáveis avanços educacionais, em especial a universalização do acesso à educação básica, as melhorias não chegam a todos da mesma forma. E há evidências de que algumas desigualdades no acesso à educação de qualidade e no desempenho têm aumentado.

Estudantes embarcam em ônibus escolar em Maragogipe, no Recôncavo Baiano - Folhapress

O sexo, a cor ou a raça, o local onde nasceu e as condições socioeconômicas da família: esses fatores determinam a qualidade da escola que a criança frequentará e o quanto ela aprenderá. Não deveria ser assim. Num mundo justo, todos deveriam ter acesso igualitário a boas oportunidades educacionais. Se assim fosse, as diferenças de desempenho poderiam ser definidas apenas pelas preferências de cada um. Mas não é esse o nosso mundo.

Ainda dependemos de investigar os abismos na equidade na educação. Felizmente, tais dados existem. Um dos avanços educacionais alcançados são as séries longitudinais de dados oficiais. Temos o Censo Escolar, com dados individuais de alunos e escolas; o Saeb, com resultados de desempenho; o indicador de nível socioeconômico das escolas, entre outros divulgados com regularidade.

Ainda assim, a coleta desses dados tem problemas.

No último Censo Escolar, por exemplo, um quarto dos estudantes não tiveram sua cor/raça declarada. Além disso, não há garantia de que os três quartos declarados estejam bem classificados. Esse tipo de falha limita a identificação de desigualdades raciais sistêmicas e, portanto, a formulação de medidas para combatê-las.

Não é aceitável que as condições em que uma criança nasce determinem seu desenvolvimento acadêmico. Aperfeiçoar dados oficiais é um passo indispensável para identificar e solucionar desigualdades que passam longe de serem aceitáveis.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas