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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Ancelotti pode fazer casamento feliz com o Brasil

Italiano sempre tenta fazer seus melhores jogadores terem condições de expressar seu talento

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O mais importante da goleada do Brasil sobre Guiné, no sábado (17), não apareceu na parte tática, mas social. Ao ataque racista sofrido por Vinicius Junior e repetido contra seu amigo, Felipe Silveira, na entrada do estádio do Espanyol, a resposta foi com argumento e inteligência.

Com dribles e gols.

Mais do que isto, com quatro marcados por jogadores orgulhosamente negros: Joelinton, Rodrygo, Militão e Vinicius Junior. O último fechou a goleada com a simbólica cena de receber a bola do capitão Casemiro, para cobrar o pênalti de festejar para a seleção historicamente de mais diversidade do planeta.

Do ponto de vista tático, o sistema 4-3-3 usado por Ramon Menezes não é muito diferente do que Carlo Ancelotti tem utilizado em suas últimas experiências. Não dá para cravar que o técnico virá, mas a CBF fala cada vez mais com otimismo sobre o acerto para o ano que vem.

O italiano Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid - Violeta Santos Moura/Reuters

Ancelotti começou a carreira como assistente de Arrigo Sacchi, na seleção italiana. Estava no banco de reservas como auxiliar do transformador treinador italiano, a quem conheceu quando dirigia o Parma, na região da Emilia Romagna, onde Ancelotti nasceu. Mais tarde, o atual treinador do Real Madrid foi orientado por Sacchi no Milan, bicampeão europeu, antes de ser seu assistente.

Arrigo é uma de suas grandes referências e também um dos inspiradores de Guardiola, apesar deste estar muito mais ligado às ideias de Johan Cruyff e Marcelo Bielsa.

Passagens médias pelo Parma e Juventus, com três vice-campeonatos italianos, antes de rumar para o Milan onde se consagrou e permaneceu oito temporadas, com duas Champions League e uma Série A no currículo.

Nunca foi um ofensivo convicto, como Arrigo Sacchi. Sempre prezou o equilíbrio defesa-ataque, o que provocou a admiração de Tite. Curioso substituir o técnico das duas últimas Copas do Mundo com alguém que o inspira.

O depoimento mais entusiasmado por Ancelotti é oferecido, no Brasil, por Kaká. Sempre afirmou ter sido o melhor técnico de sua carreira, dirigido por Osvaldo Alvarez, Osvaldo de Oliveira, Carlos Alberto Parreira, Luiz Felipe Scolari, Dunga, José Mourinho, Manuel Pellegrini, Massimiliano Allegri, Clarence Seedorf e Muricy Ramalho.

Ancelotti é o melhor, para Kaká, pela sua capacidade de administrar elencos e vaidades. Taticamente, por dar condições de os melhores jogadores desempenharem seus melhores papeis.

Ao chegar a Milão, o craque brasileiro encontrou um time com dois atacantes, Shevchenko e Filippo Inzaghi. Foi escalado logo atrás de ambos, como ponta-de-lança. Ao perder o ucraniano para o Chelsea, em 2006, Ancelotti formou um sistema em forma de pirâmide, para ter Kaká e Seedorf à frente de três meio-campistas, para municiar Inzaghi.

O brasileiro ganhou um pouco mais de liberdade do que o holandês e, como segundo homem de ataque, fez sua temporada mais brilhante, eleito melhor jogador do planeta.

Ancelotti não é um gênio, como Guardiola.

É um sábio.

Discreto, sempre tentou fazer com que seus melhores jogadores tivessem condição de expressar todo o seu talento. Se aceitar a seleção brasileira, como a CBF faz crer, pode ser um casamento feliz. Mas o Brasil precisa trabalhar forte, para formar uma nova geração de grandes técnicos aqui.

DÚVIDAS
Não dá para cravar ainda que o Real Madrid aceitará passivamente saber que seu técnico já está acertado com outro time, se de fato isto puder ser anunciado. Na Itália, ainda há muita gente com dúvida de qual será a decisão do técnico que hoje mora na Espanha e vive entre Milão, Madri e Vancouver, no Canadá.

A VITÓRIA
Tirando a luta contra o racismo, vencer a Guiné não representa nada do ponto de vista esportivo. Mas é bom a seleção ganhar corpo e saber que talento não falta. Rodrygo está cada vez mais maduro e Vinicius Junior assume posição de protagonismo. Neymar ainda pode ajudar. Não será o único protagonista.

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