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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Pep Guardiola é o técnico que muda a história do jogo

Catalão redescobre na literatura sistemas do passado que podem ser recriados

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Você já leu aqui que Guardiola estava nervoso antes da decisão contra a Internazionale. Talvez por sua histórica dificuldade contra clubes e treinadores italianos, saiu de sua paz de espírito natural para caminhar de um lado a outro da área técnica e pedir cantos à sua torcida.

Guardiola durante a final da Champions - Murad Sezer/Reuters

À parte a tensão da decisão, Guardiola é um transformador.

O maior pensador da história do jogo foi Johan Cruyff, seu técnico entre 1989 e 1996, no Barcelona. O holandês tinha natureza mais tensa, enfartou por causa do cigarro e do alto nível de explosividade, nunca fez questão de se firmar como o maior treinador da história.

Guardiola não diz, mas quer.

Um capítulo do livro sobre sua trajetória, escrito pelo espanhol Martí Perarnau, diz que seu maior prazer é ver jogadores evoluírem. Messi é um gênio. Virou melhor do mundo quando estava sob seu comando. Foi sua a ideia de transformá-lo em falso nove, função que Cruyff executou e que Stoitchkov exerceu, quando Guardiola era volante e Johan seu mestre no Barcelona.

Recriou o WM, sistema posterior à mudança da lei do impedimento, em 1925, com três defensores, dois médios e cinco avantes. O jornalista Jonathan Wilson, autor de "A Pirâmide Invertida", concorda: "Muitas vezes durante um jogo é assim. Pep gosta mesmo de contra-atacar os contra-ataques postado dessa maneira."

Para isso, tornou o bruto zagueiro Stones num refinado volante, que muda de função durante os jogos. Lançou mão de um ataque com cinco homens, Bernardo Silva, De Bruyne, Haaland, Gündogan e Grealish, postados como num W, da formação da década de 1920 criada pelo escocês Herbert Chapman.

Erling Haaland na final da Champions contra a Inter de Milão - Xinhua

Guardiola é o maior técnico do planeta, e talvez venha a ser o da história, por redescobrir na literatura sistemas do passado que podem ser recriados pela condição física evoluída dos jogadores do presente. Também por não se cansar de fazer seus liderados melhorarem, o que só consegue por olhar para o que podem produzir, não para o que ele próprio produziu quando atleta.

Quando estreou como treinador do Barcelona, em 2008, com derrota em casa para o Numancia e aval de seu mestre Johan Cruyff, quem o conhecia do time B sabia de seu potencial.

O que não se sabia era da sua obsessão.

A mesma que Cruyff não teve. A paciência de ganhar jogos com seu estilo, aprender a jogar diferente na Alemanha, reaprender na Inglaterra, campeonato em que estreou com o único terceiro lugar de sua carreira, na temporada 2016/17.

É relativamente fácil saber quando o Manchester City vai parar. Simples, quando o sheik Mansour cansar de seu brinquedo, como Roman Abramovich se cansou do seu, antes de ser convidado a deixar o Chelsea pela Guerra na Ucrânia. O City pode voltar a ser um clube comum sem o dinheiro dos árabes.

Guardiola não. É impossível saber quando e se cansará de pensar em futebol 24 horas por dia. O mais profissional dos treinadores da história do futebol é também movido por pura paixão.

Por isso dá tão certo.

Guardiola inventou Messi de falso 9 e ganhou a Champions duas vezes assim. Agora, reinventa o WM, usado em muitos momentos de vários jogos durante a temporada. Tudo isso para ser campeão de novo.

Guardiola muda o jogo.

O SISTEMA

Não é justo com outros técnicos dizer que só Guardiola está usando variações para 3-2-5 ou 2-3-5. Foi quem fez primeiro, ainda no Bayern, e faz melhor. Mas Jorge Sampaoli e Abel Ferreira são exemplos, no Flamengo e no Palmeiras, de times que jogam nesse desenho quando atacam.

À ITALIANA

A Itália é um símbolo para o Brasil de como se pode derrubar uma seleção de maneira tão avassaladora, mesmo tendo times competentes o suficiente para serem vice-campeões das três competições europeias. Os italianos eram o centro do jogo tático e estratégico. Hoje conseguem apenas se defender.

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