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Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

Economistas liberais se distanciam de Alckmin

Reconciliação seria mais por falta de opção do que por vontade

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Em 2006, Alckmin vestiu jaqueta com logotipo das estatais após ser acusado de privatista - Alan Marques/Folhapress

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Na semana passada, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, defendeu publicamente a privatização de partes da Petrobras ou até mesmo de toda a empresa no futuro. A declaração pegou o mundo político de surpresa. O que levaria o governador de São Paulo a tocar num tema tão sensível nessa fase inicial da campanha?

Basta lembrar que, quando perdeu a eleição para Lula em 2006, Alckmin vestiu uma jaqueta e um boné com o logo da estatal após ser acusado de privatista. A explicação mais plausível dessa mudança de rumo é que ele precisa mandar um recado a sua própria base.

Sem decolar nas pesquisas, Alckmin vem perdendo apoio até mesmo no mercado financeiro e entre economistas liberais que se identificam com o PSDB. A defecção mais importante é de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sempre cotado para ministro da Fazenda em um governo tucano.

Fraga vem se reunindo com frequência com Luciano Huck, que ainda não decidiu se vai se candidatar ou não. Segundo pessoas próximas, o economista utiliza adjetivos como "preocupado", "engajado" e "inteligente" para falar do apresentador de TV. Fraga reconhece, no entanto, a total inexperiência do pupilo para o cargo.

Líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro é levado ao mercado financeiro pelas mãos do banqueiro Paulo Guedes. Na tentativa de "roubar" os votos anti-PT que seriam de Alckmin, o deputado quer convencer os investidores que abandonou seu passado estatista e abraçou o neoliberalismo.

Alguns economistas importantes já vinham abandonando o barco do PSDB desde a eleição passada, quando Eduardo Giannetti da Fonseca e André Lara Resende se aproximaram de Marina Silva, da Rede. Recentemente, ela ganhou apoio de outro intelectual importante, embora mais ligado ao PT: Ricardo Paes de Barros, especialidade em desigualdade de renda.

Se Huck realmente não se candidatar e se Marina novamente se desidratar, é provável que muitas cabeças liberais voltem para os braços de Alckmin. A reconciliação, no entanto, seria mais por falta de opção do que por vontade. Agora se o "pior" se concretizar, será um Deus nos acuda imprevisível no mercado.

Por "pior", leia-se um segundo turno entre Bolsonaro e um candidato do PT. Muitos empresários, economistas e investidores tendem a se alinhar com o ex-capitão, propositadamente "esquecendo" que ele defende a ditadura militar e a tortura. Mas também não seriam poucos aqueles que apoiariam envergonhadamente um petista mais moderado, como Fernando Haddad.

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