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Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.

Descrição de chapéu

É tempo de caçoar do Lula sem medo de que este governo vá falhar

Humoristas que não aproveitarem a licença para falar do poder, seja quem for a exercê-lo, não valem um 'bumbulum'

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No século 12, durante o reinado de Henrique 2º, havia na corte inglesa um bobo chamado Roland. Normalmente, os bobos não ficam na história. A gente sabe quem foi Péricles, Augusto, Filipe 2º de Espanha, mas ninguém sabe os nomes de quem caçoou deles.

É justo. Humoristas não são importantes, o que é excelente. E Roland também não era. Mas foi bastante bem-sucedido, tanto que terá recebido, pelos seus serviços, uma mansão e uma propriedade de tamanho equivalente a 15 campos de futebol. Não admira, dado o seu talento.

Ilustração de Luiza Pannunzio para coluna de Ricardo Araújo Pereira - Luiza Pannunzio

Os registos indicam que o espetáculo que Roland exibia anualmente, por altura do Natal, terminava com "unum saltum et siffletum et unum bumbulum". A execução simultânea de um salto, um assobio e um peido. A todos os que dedicam a este número um sorriso desdenhoso, recomendo que experimentem tentar a habilidade.

Donald Trump já não governa há três anos, mas boa parte da comédia americana continua a ser sobre ele —uma homenagem que Trump não merece. Caçoar do poder também é valorizar a democracia, pelo que caçoar de Biden é um serviço democrático. Não o fazer é desvalorizar a democracia —e desvalorizar a democracia é o espírito do trumpismo.

Seria trágico que acontecesse o mesmo no Brasil. Lula acabou de tomar posse. É a vez de ele ser caçoado. Até como agradecimento por podermos continuar a fazê-lo.

Bolsonaro já passou, e deve ficar encerrado na nossa memória —e, talvez, também numa cela. Agora, é tempo de caçoar do Lula. Sem medo de que este governo vá falhar. Até porque vai falhar.

Já agora, aproveito para dar essa novidade. O governo brasileiro vai falhar por dois motivos: primeiro, por ser um governo; segundo, por ser brasileiro. É uma combinação que costuma ser fatal.

E os humoristas, felizmente, não terão qualquer responsabilidade nesse fracasso, porque não têm responsabilidade em quase nada. Sempre assim foi.

É por isso que têm licença para dizer tudo. Os que não aproveitarem essa licença para caçoar do poder, seja quem for a exercê-lo, não valem um "bumbulum".

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