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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Denunciado por assédio, Cury diz à Justiça que deu abraço 'fugaz' em Isa Penna

Para parlamentar do PSOL, 'não é intensidade que define assédio'

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O deputado estadual Fernando Cury (Cidadania), denunciado sob acusação de ter importunado sexualmente a deputada Isa Penna (PSOL) no plenário da Assembleia Legislativa em dezembro de 2020, afirmou à Justiça que deu um abraço "superficial" e "fugaz" na parlamentar.

Cury, que retomou no dia 6 de outubro o seu mandato após ter sido afastado por seis meses do Legislativo pelos colegas, em votação unânime, afirmou que não teve a intenção de prejudicar ou constranger Isa Penna e que não cometeu assédio sexual. "Nunca houve apalpação de partes íntimas, nunca houve apalpação dos seios, nunca houve encoxada."

O deputado Fernando Cury, no início de 2021 - Alesp - 5.fev.2021

Procurada pela coluna para comentar as declarações, Isa Penna disse que tudo foi muito rápido, pois logo reagiu. "Assim que vi o vídeo, entendi o que tinha acontecido. Não é a intensidade do toque que determina se uma mulher foi assediada ou não", afirmou. "A palavra certa é assediada. Não existe categoria no assédio que nos diga qual é a intensidade necessária para se chamar um assédio de apalpo ou toque. Isso tudo é lamentável."

Mario Luiz Sarrubbo, procurador Geral de Justiça de São Paulo, afirmou na denúncia que Cury "agiu com clara intenção de satisfazer sua lascívia". Disse que o parlamentar praticou atos que "transcenderam o mero carinho ou gentileza, até porque não tinha nenhuma amizade, proximidade ou intimidade com a vítima". De acordo com o procurador, "ele violou o seu dever funcional de exercer o mandato com dignidade".

Na defesa apresentada na Justiça, o deputado afirmou que a deputada "politizou" o assunto, apresentando uma versão do episódio no Instagram e outra ao Ministério Público. Segundo ele, na rede social, Isa Penna afirmou que ele havia "apalpado" seus seios. Já no depoimento oficial, sempre segundo a versão que o parlamentar apresentou à Justiça, a deputada teria dito que houve um toque "muito leve e muito rápido".

"Não ocorreu toque em regiões de maior intimidade da deputada Isa Penna, muito menos ‘toque forçado’", afirmou o parlamentar.

Os advogados do deputado disseram no processo que se está tentando transformá-lo em "ícone do homem machista da sociedade brasileira a ser combatido e abatido, o alvo de toda causa feminista no Brasil". "Não é justo buscar expiar culpas dos homens machistas do Brasil no deputado Fernando Cury." O deputado é representado pelo escritório Delmanto Advocacia.

A deputada afirmou à coluna que Cury promove "violência política". Ela disse fazer parte da luta feminista contra a violência contra as mulheres. "O tipo de violência praticada pelo deputado é, sobretudo, uma violência política. Não se trata de uma tática, mas de falar o que é, da forma como é. Isso incomoda muita gente mesmo."

O Tribunal de Justiça ainda não analisou o caso.

No dia 22 de novembro, o Cidadania deve se reunir para decidir se expulsa ou não o parlamentar do partido.

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