Internação de coronel Nunes prejudica manobra de Caboclo na CBF

Presidente afastado após acusação de assédio sexual queria aliado na presidência para facilitar sua volta

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São Paulo

Um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Antônio Carlos Nunes, 82, o coronel Nunes, precisou ser hospitalizado no final da tarde de quarta (4) após bateria de exames cardíacos. O dirigente é tido como peça importante da recente manobra de Rogério Caboclo para voltar à presidência da entidade.

O cartola está no hospital Albert Einstein, em São Paulo, segundo informação do portal GE. Ele teria pedido uma licença médica à CBF, com a alegação de problemas no coração, com possibilidade de ser submetido a uma cirurgia. A assessoria de imprensa do local não confirma a internação. A entidade que gere o futebol brasileiro não respondeu aos contatos da reportagem até a publicação deste texto.

Baseado no estatuto da CBF, Caboclo, afastado após acusação de assédio sexual, entregou à entidade uma petição assinada por ele e Nunes para que este último assuma a presidência de forma interina até março de 2023.

O dispositivo em questão, o artigo 61, diz que "substituirá o presidente, no caso de ausência, licença ou impedimento, o vice-presidente que for por ele designado".

O coronel esteve no cargo máximo logo após a explosão do escândalo, por ser o mais velho, mas deixou a vaga logo depois. Os outros vices decidiram colocar Ednaldo Rodrigues no comando da instituição, como uma forma de apaziguar a crise política que também envolvia federações estaduais e clubes.

Coronel Nunes (à esq) e Rogério Caboclo
Coronel Nunes (à esq) e Rogério Caboclo - Mauro Pimentel - 18.mai.18/AFP

A recondução de Nunes poderia facilitar a volta de Caboclo à presidência, antes mesmo do cumprimento dos 21 meses de punição por assédio sexual. Ele está afastado desde junho deste ano, após ser denunciado por sua ex-secretária.

A CBF foi notificada na tarde de quarta através do 15º Cartório do Ofício de Notas do Rio de Janeiro, mas entendeu que não deveria acatar o pedido da dupla.

Em nota, a entidade diz que o presidente interino Ednaldo Rodrigues "segue exercendo normalmente suas funções" e que Caboclo "está proibido de participar de qualquer atividade relacionada ao futebol por 21 meses, por decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, referendada de forma unânime pela Assembleia Geral, formada pelas 27 Federações Estaduais de Futebol, decisão acolhida pela Fifa e estendida para âmbito mundial."

A pena de 21 meses diz respeito somente às denúncias da secretária. Há outras duas acusações de assédio sexual e uma de assédio moral –esta feita por um um diretor da entidade– que ainda são investigadas pela Comissão de Ética.

Diante da negativa da CBF, os advogados de Caboclo pretendem recorrer ao CBMA (Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem), que funciona como uma câmara arbitral escolhida por entidades para resolver conflitos comerciais e eleitorais.

Sem nenhum apoio na CBF, o dirigente afastado até março de 2023 provavelmente não terá chance de concorrer a uma reeleição. O próximo pleito deverá ser convocado a partir de abril de 2022, período no qual ele estará inelegível.

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