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Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

Brasil no livro do presidente da Microsoft

Brad Smith demonstra essa característica de veneno-remédio da tecnologia

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Em evento do ITS, na semana passada, tive uma conversa pública com o presidente da Microsoft, Brad Smith. A ocasião é o lançamento, no Brasil, do livro que ele coescreveu com Carol Ann Browne —chamado “Armas e Ferramentas”.

O título é intrigante. Refere-se ao fato de que a tecnologia tornou-se ao mesmo tempo ferramenta poderosa para transformação positiva e arma capaz de causar danos de larga escala. Citando inclusive o Brasil, ele demonstra essa característica de veneno-remédio da tecnologia.

Também intrigante é a trajetória de Smith. É raro que um advogado se torne presidente de uma das maiores empresas de tecnologia do planeta. Esse é o caso de Smith, graduado em direito pela Universidade Columbia e por muitos anos atuante na advocacia antes de se juntar a Bill Gates na empresa.

O livro mostra que essa formação jurídica faz todo sentido. Não existe problema tecnológico hoje que não esteja entrelaçado com o direito. Em um capítulo essencial, Smith mostra como toda empresa que oferece serviços em nuvem hoje tem de estar preparada para uma saraivada de questões legais.

Quanto maior o datacenter, mais ele será um barril de pólvora jurídico. Smith usa o Brasil para demonstrar esse ponto. A Justiça brasileira chegou a expedir uma ordem de prisão contra um executivo da empresa pela impossibilidade de entregar dados no país que estavam armazenados fisicamente nos EUA. Se entregasse os dados, descumpriria a lei dos EUA. Se não entregasse, descumpria a ordem judicial brasileira.

Para resolver esse dilema, Smith propõe que governos devem intervir mais com regulação nas empresas de tecnologia. Devem, por exemplo, valorizar os tratados internacionais de cooperação judiciária (chamados MLATs) para permitir que esse tipo de pedido seja atendido sem violar a lei de nenhum dos países.

Outro capítulo interessante trata da questão da IA (inteligência artificial). Smith cita uma das falas mais contundentes de Kai-Fu Lee, o investidor que se tornou porta-voz da inteligência artificial na China.

Em artigo no jornal The New York Times, Lee chegou a mencionar que a IA é um jogo em que o vencedor leva tudo e que essa vitória ficará provavelmente entre os EUA e a China. Aos demais países, especialmente os em desenvolvimento, restaria a posição de fornecedores de dados —as novas matérias-primas— e compradores de ferramentas de AI, os novos produtos de valor agregado.

Para resolver essa questão, Smith recomenda que os países instituam planos de IA bem-feitos. Por exemplo, criando uma política nacional de gestão de dados, que possam ser utilizados para fomentar um ecossistema de empresas e projetos locais e participar do desenvolvimento das ferramentas de inteligência artificial.

A conversa com Smith está online e traz mais detalhes sobre todas essas questões. Vale também a leitura do livro. Se, em geral, livros de executivos de empresa trazem a versão “oficial” para vários assuntos, o livro de Smith segue por um outro caminho. É informativo, técnico e não foge de alguns dos problemas mais difíceis enfrentados ou causados pelas empresas de tecnologia.

Mesmo que suas respostas não sejam completas, suas perguntas são valiosas para um país como o Brasil, sedento por inovação.

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