Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.
Parece às vezes com Niterói
Músicas americanas também ganhavam versões no Brasil
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Outro dia, a respeito da morte de Norman (“The Girl from Ipanema”) Gimbel, contei como os letristas americanos ficavam com a parte do leão nas canções brasileiras que vertiam para o inglês, em prejuízo dos autores originais. Como muitas músicas americanas também foram vertidas para o português, leitores me perguntaram se o mesmo não acontecia aqui. Vejamos.
“As Time Goes By”, de Herman Hupfeld, tornou-se “Amor é Sempre Amor”, com letra de Jair Amorim. “Dancing With Tears in my Eyes”, “Dançando com Lágrimas nos Olhos”, por Lamartine Babo. “Limelight”, “Luzes da Ribalta”, por João de Barro. “I’m Looking Over a Four-Leaf Clover”, “Trevo de Quatro Folhas”, por Nilo Sergio. “It’s Been a Long Time”, “Há Muito Tempo Atrás”, por Oswaldo Santiago, um recordista do gênero. E “How About You”, a deliciosa “Eu Gosto Mais do Rio”, por Pacifico Mascarenhas.
Haroldo Barbosa transformou “All of Me” em “Disse Alguém (Ai de Mim)”, “The Three Bears” em “Os Três Ursinhos”, “Swingin on a Star” em “Se Você Quer Ser Alguém”, “The Donkey Serenade” em “Serenata da Mula”, “Three Little Words” em “Três Palavrinhas”, “Riders in the Sky” em “Cavaleiros do Céu”, “Indian Summer” em “Céu Cor-de-Rosa”, e dezenas de outras, quase sempre para melhor.
Aloysio de Oliveira se esbaldou: fez de “In the Mood”, “Edmundo”; “These Foolish Things”, “Coisas Que Lembram Você”; “Everything Happens to Me”, “Tudo Acontece Comigo”; “On the Sunny Side of the Street”, “A Sobrinha da Judite”; e minha favorita, sua versão de “Manhattan”, “Lá em Manhattan”, em que o verso “The great big city’s a wondrous toy/ Just made for a girl and boy...” se torna “Parece às vezes com Niterói/ Nos sonhos de gal and boy...”.
De fato, entre 1930 e 1970, quase todas as canções americanas de grande sucesso ganharam letra em português. A diferença é que, quando elas rendiam dinheiro, ele também ia lá para fora.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters