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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Delírio voador

Witzel deve se julgar Robert Duvall em 'Apocalipse', metralhando os vietcongues

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Outro dia, caiu-me às mãos uma publicação de 1996, que eu havia guardado para ler um dia. Continha um depoimento de meu amigo Ricardo Boechat, então colunista do jornal O Globo, sobre a triste situação pela qual já então passava o Rio. “Um elemento que contribuiu para a degradação do Rio”, dizia Boechat, “foram os sucessivos governos [do estado] absolutamente desastrosos. Inclusive o do Moreira Franco, do qual participei [como secretário de imprensa] nos seis primeiros meses. Foi um governo incapaz de reverter a degradação urbana que o Brizola inaugurou em 1982. O governo Brizola ainda voltou em 1990 para acabar de matar o moribundo”.

Perfeito, exceto pelo fato de Boechat ter anunciado a morte do moribundo. Depois do bis de Brizola, o Rio, como sabemos, ainda teria Anthony Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral duas vezes e Luiz Fernando Pezão como governadores. Roma foi incendiada por Nero em 64 d.C., Lisboa sofreu um tsunami em 1755 e Hiroshima levou a bomba atômica em 1945. Mas nenhuma dessas cidades fazia parte de um estado governado por esses elementos.

Wilson Witzel em cerimônia de transmissão de cargo, no Palácio Guanabara - Carlos Magno/Divulgação

Estamos agora sob Wilson Witzel, cujo programa de governo consiste em a polícia atirar para matar. Na semana retrasada, um helicóptero da Polícia Civil, com ele a bordo, fez uma incursão sobre Angra dos Reis e metralhou uma tenda suspeita. Era a tenda de uma seita evangélica. Para sua sorte, não havia ninguém nela. 

Em seu delírio voador, Witzel deve se julgar Clint Eastwood em “Perseguidor Implacável”, filme de 1971 em que Dirty Harry cruzava Nova York de helicóptero na caçada aos bandidos. Ou como Robert Duvall em “Apocalipse”, de 1979, de Francis Coppola, costurando os vietcongues lá do alto, ao som da “Cavalgada das Valquírias”.

Mas pode passar à história como o governador que, a exemplo das antigas Misses Brasil, incorporou a faixa ao uniforme de trabalho.

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