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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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O intelectual das emoções

José Lino Grünewald era admirado. Seus amigos também o admiravam ---e o amavam

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Os suplementos passaram em branco por um importante concretista que teria feito 90 anos no dia 13 último: o carioca José Lino Grünewald. Se nunca ouviu falar, Grünewald esteve no front do movimento desde meados dos anos 50, produziu alguns dos poemas mais típicos daquela fase e apresentou seus colegas de São Paulo a Mario Faustino, influente poeta e crítico que os levou para o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. E, nos anos 60, o próprio Grünewald lhes abriu as portas do Correio da Manhã, de que era editorialista.

Numa época em que a crítica de cinema rachara entre, de um lado, Ford, Fellini e Kurosawa, e, do outro, Godard, Truffault e Resnais, José Lino resolveu a equação. Aplicou ao cinema a ideia de Pound, que dividiu os criadores em inventores, mestres e diluidores, e fez com que, com cada diretor em sua categoria, pudéssemos gostar de todos. Sua contribuição à ensaística do cinema foi enorme, mas só os íntimos sabiam que, em casa, para assistir, ele preferia as operetas da MGM, como “Primavera” (1937), com Jeanette MacDonald, aos filmes de Bergman.

E este era o melhor José Lino —aquele que, com a emoção à frente da estética, nunca trocaria Orlando Silva por João Gilberto, punha Nelson Rodrigues acima de tudo e, embora achasse “Finnegan’s Wake”, de Joyce, o livro do século, respondeu, quando lhe perguntei se o lera inteiro: “Está maluco? Nem desembrulhei da livraria!”.

Era o Zé Lino dos uísques em pé no Bar do Osmar, em Copacabana, onde, todo fim de tarde, ministros, magistrados, analistas políticos e até jogadores de futebol revelavam os bastidores de suas especialidades, e onde ele alternava recitar estrofes de Mallarmé, que traduzia, com as anedotas que contava como ninguém.

O intelectual que todos admiravam está no site joselinogrunewald.com.br. O amigo que tantos de nós também admirávamos —e amávamos— se foi em 2000.

Artigos originais, livros e foto de José Lino Grünewald (à esq.) com Ruy Castro em 1970 - Heloisa Seixas

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