Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

'É o pessoal que fala', diz ele

O que será que o pessoal também poderia falar sobre Bolsonaro?

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Note bem, não são denúncias nem acusações. São só tiradas casuais, como as que Jair Bolsonaro solta em suas declarações, jogando veneno sobre alguém, mas de forma a poder voltar atrás se tiver de provar. "É o pessoal que fala", diz ele. Pois o pessoal está falando que, com Bolsonaro, acabou mesmo a corrupção no Brasil. Seus atos de governo podem arruinar o país, mas beneficiam muita gente, para sua olímpica satisfação e só por isso.

Essa história dos madeireiros, por exemplo. Quilômetros de floresta caem por minuto e seus troncos saem em frotas de caminhões com documentação falsa para os navios, sob suas bênçãos. E, se alguém tentar investigar, ele demite. Não é magnânimo? O mesmo acontece com a turma da atividade pecuária, de mineração e pesqueira --Bolsonaro lhes dá livre acesso às áreas protegidas, inclusive indígenas, puramente por esporte. Se eles enriquecerem com seus decretos, é problema deles. E será verdade que os fabricantes de cloroquina são velhos amigos da família? Poxa, toda família tem fabricantes de cloroquina entre os amigos.

O pessoal admira também como Bolsonaro é uma mãe para as Forças Armadas, as igrejas evangélicas e as universidades particulares. Aos milicos confere benefícios a que nós, os otários, não fazemos jus; os bispos, dispensa-os de impostos; e aos tubarões do ensino faz vista grossa para os repasses irregulares que recebem. Eles ficam felizes, e isso alegra Bolsonaro. E, claro, os fabricantes de armas são o seu xodó —um dia, por ele, todo brasileiro sairá à rua com dois 45 no cinto. Só que, aí, não se trata de enriquecer os fabricantes, mas de armar a população no caso de ela precisar invadir o Congresso e o STF.

É o presidente mais desprendido, desinteressado e generoso que já existiu. Faz o bem sem olhar a quem, e, incrível, esses são sempre os bacanas com algum perrengue na Justiça.

Mas, enfim, eu não sei de nada. É o pessoal que fala.

Bolsonaro em post no Instagram - Reprodução/Instagram

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas