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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Bolsomamata, a mamata que mata

A demência ideológica era só para disfarçar a tomada do Estado para fins lucrativos

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Você sabe. As grandes frases são as que se provam atemporais. Exemplo: "Desconfio de todo idealista que lucra com seu ideal". Seu autor, Millôr Fernandes, morreu em 2012, antes que ela fosse vastamente aplicada aos idealistas que se beneficiavam dos desmandos do PT. Muitos dos desinteressados idealistas que a usaram naquele contexto aderiram depois ao ideal bolsonarista e agora também lucram com ele. Os futuros dicionários ortográficos deveriam tornar obrigatório o uso de aspas nas palavras "ideal" e "idealista".

Para quem se cingiu presidente pregando o fim das mamatas de que acusava seus adversários, Jair Bolsonaro não precisou nem de três anos para montar uma invejável rede do gênero. Fez isso enquanto nos distraía com sua demência ideológica, e poucos notaram que, por trás desta, se armava o enredo principal —a tomada do Estado para fins lucrativos.

Comércio de armas, queima da floresta, pesca em santuários, ocupação de terras indígenas, mineração ilegal, exportação clandestina de madeira etc. etc.. Tudo isso rende muito dinheiro para os bolso-idealistas, claro, mas é troco diante do que se escuta a respeito de intermediações, contratos, orçamentos, licitações, licenças, financiamentos, transferências, repasses e o que você imaginar, em todas as áreas. E, pela aberta generosidade com que Bolsonaro drena o Tesouro para comprar impunidade e financiar sua reeleição, imagine o que não sai pela porta dos fundos.

O bolso-idealismo profissional contempla também generais, juízes, delegados, influencers, youtubers, evangélicos, donos de redes de TV, cantores sertanejos e outras categorias, nem todas adequadas ao convívio social.

Mas ninguém supera em idealismo os colaboradores da saúde: a máfia paralela, os intermediários de vacinas, os fabricantes de cloroquina. As tripas do Ministério da Saúde, expostas pela CPI da Covid, estão revelando a mamata que mata —a bolsomamata.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, depõe pela segunda vez à CPI da Covid no Senado - Wallace Martins/Futura Press/Folhapress

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